Sabor de tradição
A gastronomia é, sem dúvida, um elemento cultural marcante na história de uma região. Quando viajamos, conhecemos lugares, pessoas, atrações e a comida local. É ela que nos remete a diversos países e continentes, fáceis de serem identificados apenas por uma fotografia. Isso acontece porque cada povo tem em suas raízes os elementos que compõem um prato típico. A ancestralidade dá o toque que diferencia a culinária de um lugar para outro. E a união de culturas de vários povos, que tiveram de conviver historicamente, expressa o intercâmbio cultural de cada um, proporcionando receitas e toques de sabores que lhe conferem uma identificação única.
Nas cidades dos “Caminhos da Neve”, o Movimento Tropeiro possui esse poder de tipificação gastronômica. Para isso, temos de entender o dia a dia desses desbravadores que, em suas jornadas, carregavam itens valiosos. O alho, sal, açúcar, feijão, arroz, carne-seca, toucinho, pinhão, farinha de milho, farinha de mandioca. Com esses elementos e muita criatividade, surgiram muitos pratos deliciosos que formam a base da culinária típica brasileira, como o Arroz Carreteiro e o Feijão Tropeiro.
Famoso Churrasco
Assim como o tropeirismo, a criação de gado também foi um fator determinante na culinária da Região Sul, algo que fica claro no delicioso Churrasco. Quando se pensa no Sul do nosso país, logo imaginamos aqueles espetos fincados no chão, com peças enormes de carne sendo lentamente assadas pelas chamas, o famoso fogo de chão, que surgiu nas fazendas. Na época, quando matavam o boi, os donos ficavam com as carnes nobres, como picanha, maminha, filé mignon e alcatra e, para os empregados, iam as carnes mais duras e a costela, que eram difíceis de cozinhar. Enquanto trabalhavam, os peões faziam um buraco no chão e fincavam lanças de madeira com pedaços de costela coberta de sal grosso, onde ficavam horas assando. Quando terminavam o trabalho, os peões sentavam-se em volta do fogo e, ao sabor do chimarrão, degustavam lentamente a costela, estalando de tão saborosa.
Mais tarde, chegaram os imigrantes, incluindo os alemães . Eles trouxeram receitas com preparos e ingredientes diferenciados também deixaram sua marca definitiva na cultura sulina. Com nomes estranhos, mas com sabores fantásticos, aqui podemos encontrar pratos como Eisbein, Kassler, SauerKraut, Salzkartoffen, Spätzle e Kartoffelkuchelchen, Bockwurst e Wiener Schnitzel. Acrescente nessa panela carne de porco, linguiça, salsicha e repolho, por exemplo.
Celebrando a boa comida
Atualmente, os chefs estão revitalizando ingredientes ancestrais e as receitas tradicionais ganham uma releitura. Desta forma, agradam a todos os gostos, no Festival de Gastronomia e Cultura de Gramado. Há dez anos, o festival celebra a boa comida serrana com uma intensa programação. para aqueles que querem viver a experiência de um jantar harmonizado e elaborado por um grande chef, e aprender alguma técnica incomum. Ou apenas saborear um bom prato num dos principais pontos turísticos da cidade. Além de uma culinária requintada, os festivais contam também com vinhos cuidadosamente selecionados para harmonizar com o jantar, que inclui entrada, primeiro prato, segundo prato e sobremesa.
E, para quem prefere saborear uma deliciosa refeição e ao mesmo tempo curtir a cidade, o Festival também agrada. Ele oferece, na rua Pedro Benetti e na famosa rua Coberta, estações de comida a preços acessíveis e porções generosas. Cada estação é ocupada por um restaurante de Gramado que cria um prato especial e exclusivo para o evento. Realizado em parceria com o Senac, o projeto “Cozinha Experimental” é a oportunidade para os visitantes interagirem diretamente com o evento por meio de oficinas, degustações e workshops, todas atividades diárias e gratuitas. Tudo isso temperado com uma programação cultural especial, com shows musicais, números artísticos e exposições.