Quando chegamos à Cananeia temos a impressão de que voltamos ao passado. Não que a cidade não evoluiu com o tempo, longe disso, mas a preservação de construções coloniais, das comunidades tradicionais, dos muitos sítios arqueológicos espalhados em seu território, da Mata Atlântica, dos manguezais e principalmente da valorização da cultura caiçara e suas expressões, saltam aos nossos olhos e sentimos nossas raízes pulsando em cada olhar. Por isso, Cananeia tem como epíteto “Capital do Turismo Educativo”.
Aqui, estamos em um laboratório de experiências ricas que acrescentam de forma significativa a compreensão da formação do povo brasileiro. Aqui, temos a possibilidade de interagir com o passado que tanto lemos nos livros de história. E por conta de toda essa preservação, muitas escolas estão vendo com o olhar educativo essa gama de recursos de patrimônios naturais, históricos e imateriais, como uma ferramenta didática potente.
Várias linhas de estudo podem ser seguidas dentro dos limites da cidade: história, arquitetura, antropologia, arqueologia, sociologia, meio ambiente, geografia, biologia, entre outras. Em todas as seções dessa revista tratamos dessas ferramentas didáticas que despertam a curiosidade e o prazer em educar e em aprender. As vivências adquiridas serão carregadas para a vida toda e o respeito pela conservação e preservação da memória nacional se transformará em ações.
É importante salientar que a cidade de Cananeia possui boa infraestrutura e acomodações em pousadas e hotéis com valores acessíveis. Possui também uma gama de agências especializadas em Turismo Educativo com guias capacitados que fazem dos passeios, seguros e com mais conhecimento local.
Essa complexidade de recursos nos leva a lugares a um ambiente natural diferenciado do restante das outras cidades do litoral paulista, chamado lagamar. Esse ecossistema faz com que os estudos desse meio sejam ricos em diversidade, como se comprova a bordo do catamarã que nos leva a lugares incríveis.
No âmbito histórico, por Cananeia ser o primeiro povoado do país e ter seu centro preservado, com as típicas casas em estilo colonial, esse lugar é um museu urbanístico essencial para os aprendizes entenderem como funcionava a vida social do Brasil colônia em seus primórdios. Outro ponto de fascínio é o contato com os vários tipos de cultivo de animais marinhos, como as ostras, em fazendas que contam com monitores que explicam as várias etapas do processo da maricultura.
Também podemos conhecer manifestações culturais típicas locais, como o fandango caiçara, cuja música e dança tem suas raízes na miscigenação entre músicas oriundas de Portugal e os ritmos aqui já existentes, executados em instrumentos fabricados com os recursos naturais do litoral paulista e paranaense.
Dessa mistura, o fandango é uma prática que sempre esteve vinculada à organização de trabalhos coletivos – mutirões, puxirões ou pixiruns – nos roçados, nas colheitas, nas puxadas de rede ou na construção de benfeitorias. Nessas ocasiões, o organizador oferecia como pagamento aos ajudantes voluntários um fandango, espécie de baile com comida farta e a principal diversão e momento de socialização dessas comunidades, estando presente em diversas festas religiosas, batizados, casamentos e, especialmente, no carnaval, quando se comemoravam os quatro dias ao som dos instrumentos do fandango”. (fonte: fandangoemcananeia.com.br).
Já a Ilha do Cardoso é um laboratório de conteúdo pedagógico de inestimável valor onde, além do estudo do meio (manguezal, praia arenosa, costão rochoso, mata de restinga e atlântica, fauna e flora), há oportunidade de se vivenciar a cultura da vila de pescadores de Marujá e entender o modo caiçara de viver.
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