Hoje quero apresentar mais um passeio da série Dicas Especiais de Paris, eu lhes mostrarei Roteiro 3. Ele abrange mais pontos pouco ou completamente desconhecidos pela maior parte de visitantes brasileiros à Cidade Luz. Conheceremos desde lugares extremamente modernos até outros que são muito antigos e históricos, além de locais para um bom passeio e também para saborearmos as delícias da gastronomia francesa.
Bon Voyage!
Atrações do Dicas Especiais de Paris
Iniciaremos o nosso passeio pela bela Igreja Nossa Senhora da Compaixão, que tem a particularidade de acolher a comunidade espanhola de Paris, pois a igreja abriga uma estátua da Virgem do Rocio, muito popular na Espanha. A missa de sábado à noite é sempre rezada em espanhol.
A igreja foi construída em 1843 em homenagem ao Príncipe Ferdinand Philippe d’Orléans, de apenas 32 anos, falecido no local, após um trágico acidente com sua carruagem, no qual ele caiu e bateu fortemente a cabeça no chão, fraturando o crânio. O altar se situa exatamente onde o príncipe faleceu.
O formato da igreja é de uma cruz grega e seu interior é lindamente ornado por um pêndulo, que marca a hora exata do acidente (11:50h), além de uma magnífica Pietá. Há também belíssimos vitrais de Sèvres e uma escultura em tamanho real do príncipe em seus últimos momentos, com um anjo à sua cabeceira, orando por sua alma. Sem dúvida alguma, uma igreja que possui uma atmosfera de muita tristeza, claramente expressada em todas as obras em seu interior.
Projeto inovador
A segunda parada de nosso roteiro é a surpreendente Fundação Louis Vuitton, uma das mais modernas e novas atrações de Paris.
A fundação tem como objetivo eternizar as ações de mecenato promovidas pelo grupo Louis Vuitton. A construção foi projetada pelo lendário arquiteto americano Frank Gehry e se situa no Jardim da Aclimatação (nossa próxima parada), no Bosque de Boulogne.
O custo da construção inicialmente foi estimado em 100 milhões de euros, mas acabou atingindo a surpreendente soma de 800 milhões de euros quando a obra foi finalizada. O formato do prédio é de doze velas de vidro translúcido que envolvem uma espécie de iceberg, feito de rochas brancas, simulando uma espécie de terremoto.
A fundação conseguiu obter uma concessão de ocupação do terreno por 55 anos, ao término dos quais, toda a propriedade passará a ser propriedade da cidade de Paris. Além disso, ela paga uma anuidade de 100 mil euros à cidade, até que seja concluído o período concedido.
O estilo incrivelmente inovador e os profundos estudos que foram necessários para a viabilização e construção da fundação renderam muitos frutos às equipes que construíram o prédio, que foram recompensadas com muitos prêmios de arquitetura na França e nos EUA.
O museu é dedicado à arte contemporânea, além de abrigar 11 galerias de exposição, intervenções, além de um auditório, que é usado para debates, colóquios, seminários, master classes, cinema e apresentações em vídeo.
Tradicional local de lazer
Na sequência, sairemos da Fundação e entraremos no agradável Jardim da Aclimatação, um dos mais tradicionais locais de lazer dos parisienses.
Trata-se de uma área verde de 19 hectares, para a qual antigamente eram trazidos exemplares de animais exóticos, de várias partes do mundo. A fim de que eles pudessem se aclimatar ao clima parisiense, foi criado o dito “Jardim da Aclimatação”.
O jardim fechou suas portas ao público durante a guerra de 1870 e passou a ser utilizado como uma espécie de depósito de animais que serviram de alimento para a população parisiense, que estava sitiada. Ao final do conflito, não sobrou nenhum animal, nem mesmos os dois elefantes do jardim, pois todos haviam sido abatidos para serem consumidos pela população local.
Neste mesmo local foram realizadas inúmeras exposições de seres “selvagens”, que eram nada menos do que inacreditáveis zoológicos de seres humanos, os quais eram exibidos em gaiolas para que os parisienses pudessem vê-los. A maioria dos humanos expostos eram africanos, mas o mesmo ocorreu com indianos, lapões e cossacos. Algumas vezes, os humanos eram colocados à mostra juntamente com animais provenientes de suas regiões. Tais polêmicas exposições ocorreram até 1931.
Desde então, o jardim se tornou um local mais apropriado para passeios, lazer, caminhadas, com atrações de um cunho mais esportivo e educacional. Ainda existe até hoje um teatro de marionetes, que é muito popular entre as crianças que frequentam o jardim.
As margens do Sena
Agora iremos para o Beco dos Cisnes, uma via criada sobre uma ilhota artificial dentro do Rio Sena, que é usada como local de passeio e corrida pelos parisienses. Trata-se de um lugar muito agradável e pitoresco. Em uma das extremidades pode ser vista uma réplica da Estátua de Liberdade, em tamanho reduzido, porém idêntica à original. A estátua foi um presente da comunidade norte-americana aos franceses, em retribuição à estátua original de Nova York que, por sua vez, foi um presente da França aos Estados Unidos por sua independência do Reino Unido.
Bem próximo ao Beco dos Cisnes, nas margens do Sena, podemos ver um belo monumento aos judeus que foram mortos durante a Segunda Guerra Mundial, em um trágico episódio conhecido como o monumento dos mártires judeus do velódromo de inverno. Esse foi um triste episódio no qual os judeus de Paris foram todos recolhidos ao velódromo de inverno da cidade para depois serem deportados aos campos de concentração na Europa Oriental. Todo ano é realizada uma cerimônia em homenagem à memória de tais vítimas inocentes.
Para adoçar a boca
Em seguida, partiremos para um dos lugares mais reputados em termos gastronômicos em toda a cidade de Paris: a tradicionalíssima confeitaria Stohrer, criada em 1730, e que é a confeitaria mais antiga da cidade.
Lá foi inventado o delicioso doce “Baba ao Rum”, além de suas tradicionais éclairs, consideradas as melhores de Paris. A qualidade e a beleza de seus produtos são tão impressionantes que até mesmo grandes autoridades, como presidentes, reis e rainhas, já visitaram a Stohrer. Eu mesmo pude ver várias fotos nas paredes do estabelecimento, com registros das visitas mais célebres, entre elas, a da Rainha Elizabeth II, atual monarca do Reino Unido.
A penúltima atração de nosso roteiro é o albergue de Nicolas Flamel, que foi um rico burguês parisiense. A casa construída por ele em 1407 é a mais antiga de Paris que sobreviveu até os dias de hoje. O casal Flamel nunca residiu no local, pois antigamente a casa abrigava um comércio no térreo, enquanto o andar superior era usado para acolher os pobres, que podiam se hospedar lá com a condição que fizessem as orações da manhã e da noite em nome de Nicolas Flamel e de sua esposa, que os acolhiam. Atualmente, existe um tradicional restaurante no antigo albergue.
Para finalizar, visitaremos a Torre de João sem Medo, que é uma torre fortificada construída entre 1409 e 1411 pelo Duque João I de Borgonha, que era conhecido como “João sem Medo”.
Espaço para exposição
Antigamente, a torre era ligada à atualmente desaparecida muralha de Felipe Augusto. João construiu a torre com a finalidade de se proteger da hostilidade que suas ações suscitavam, o que é no mínimo contraditório, tendo em vista que seu apelido era justamente “João sem Medo”.
Em sua parte superior, a torre possui sistemas de proteção de acesso às salas do alto, nas quais João residia. Sua habitação era bastante iluminada, com janelas amplas, cada uma aquecida com uma chaminé. Além disso, possuía também uma despensa com um estoque de mantimentos. A escadaria que dá acesso ao topo da torre foi inspirada na antiga escadaria do castelo do Louvre, que já não existe mais. Além disso, a torre possui as mais antigas latrinas de Paris, ainda em existência. Diferentemente das que foram construídas aproximadamente na mesma época, a de João não era voltada para o exterior, mas dispunha de um duto dentro da parede da muralha da torre, que conduzia os detritos à uma fossa no subsolo. Havia um toque especial de conforto para João, pois tais latrinas eram aquecidas através da tubulação em reverso proveniente da chaminé de seu quarto.
Atualmente, a torre abriga um espaço de exposição de objetos da época, além de muitos painéis explicativos e didáticos. Foi uma visita que eu gostei muito de fazer, pois pude ter a sensação de subir a torre e imaginar como seria a vida no topo dela, que já foi uma das construções mais altas da cidade de Paris.
Encerramos por aqui o nosso Dicas Especiais de Paris de hoje. Espero que tenham gostado do passeio! Em breve prepararei mais um “Roteiro especial”.
Até o próximo roteiro! À bientôt!
Leia também o post Roteiros Paris lado B e conheça os outros roteiros e veja a Galeira de Fotos
Endereços das atrações do Dicas Especiais de Paris:
– Auberge Nicolas Flamel – 51 Rue de Montmorency
– Allée des Cygnes – em frente ao Quai de Grenelle
– Église Notre Dame de la Compassion – Place du Général Kœnig
– Stohrer – 51 Rue Montorgueil
– Monument de la Place des Martyrs Juifs du Vélodrome d’Hiver – Promenade du Quai de Grenelle
– Fondation Louis Vuitton – 8 Avenue du Mahatma Gandhi
– Jardin d’Acclimatation – Bois de Boulogne, Route de la Porte Dauphine à la Porte des Sablons
– Tour Jean Sans Peur – 20 Rue Étienne Marcel
Todas as fotos da matéria foram tiradas por Marco André Briones, em 2008, 2014 e 2015.
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