Basílica de Saint-Denis, patrimônio histórico da França

Basílica de Saint-Denis em Paris – Foto: Shutterstock

Dentre todas as igrejas de Paris, para os amantes  da história francesa, a Basílica de Saint-Denis é a mais significativa. Sim, sabemos que a Notre Dame é maravilhosa, porque é a mais famosa. Porém, a Basílica de Saint-Denis guarda em seu interior os túmulos da maioria dos reis e rainhas franceses. Além de o edifício ser fantástico, a sensação de estar tão perto de personagens que construíram uma nação e influenciaram o rumo do Ocidente, é inigualável.

São Dênis de Paris

São Dênis, também conhecido como São Dionísio, é, juntamente com Joana d’Arc, padroeiro da França. Dênis nasceu no século III, na Itália. Em 250, foi um grande evangelizador na Gália onde fundou em Lutécia (Paris), a primeira comunidade católica, tornando-se o primeiro bispo local. Anos mais tarde, por sua popularidade e influência junto ao povo, foi decapitado a mando do governador romano Valeriano. O martírio aconteceu em Montmartre onde hoje está a Basílica de Sacre Coeur. Montmartre (Colina do Mártir) recebeu esse nome em homenagem a São Dênis pelo martírio que sofreu. Segundo a crença, Dênis caminhou do local onde foi decapitado, segurando a sua cabeça nas mãos,  até onde hoje está a Basílica de Saint-Denis, lugar que queria ser enterrado. Na arte sacra São Dênis é esculpido com a cabeça nas mãos.

A construção da Basílica

Edificada no século VII a mando do rei Dagoberto I (606-639), a Basílica de Saint-Denis já era um local de peregrinação por conta da sepultura de santo. O construtor responsável pela obra foi Elígio de Noyon, ourives de família nobre, cunhador de moedas reais. No início, o projeto foi um santuário para abrigar com mais suntuosidade o mausoléu de São Dênis. Mais tarde, com ampliações, passou a ser a Abadia de Saint-Denis, até virar uma basílica. 

O projeto arquitetônico

Em 1137, o Abade Suger, conselheiro dos reis Luís VI e Luís VII e considerado o primeiro arquiteto do estilo gótico, colocou suas diretrizes artísticas na ampliação da então Abadia. Suas ideias foram inovadoras e influenciaram outras construções góticas, principalmente ao norte da França.

Sepultamentos

Os sepultamentos merecem destaque, pois são raros os locais no mundo que abrigam tantos reis, rainhas, príncipes, princesas e seus familiares como aqui. São tantos que a Basílica de Saint-Denis recebeu o apelido de Cemitério dos Reis. Em cada túmulo, esfinges esculpidas em mármore com os respectivos nomes dão ao visitante a sensação de proximidade aos vultos históricos tão conhecidos.

Porém, nem todos os túmulos possuem seus respectivos restos mortais. Durante a Revolução Francesa, revoltosos abriram os sepulcros, tiraram os corpos e, em uma vala comum, jogaram cal para dissolvê-los. Um extermínio histórico. Já as esfinges foram salvas da barbárie pelo arqueólogo Alexandre Lenoir, que as levou para o Musée National des Monuments Français. Alguns corpos foram resgatados quando da queda de Napoleão e a subida dos Bourbons ao trono. Eles depositados em um enorme ossário localizado na cripta.  As esfinges retornaram à Basílica pela coordenação do arquiteto Eugène Viollet-le-Duc.

Infelizmente não há como escrever todos os nomes dos sepultados, pois são muitos. Citaremos os mais conhecidos, como: Clóvis I (dinastia merovíngia); Pepino, o Breve (dinastia carolíngia); Carlomano I e Carlomano II (dinastia carolíngia); Carlos II, o Calvo (dinastia carolíngia); Luís III (dinastia carolíngia); Roberto II, o Piedoso (dinastia capetiana); Hugo Capeto (dinastia capetiana); Henrique I (dinastia capetiana); Luís VI, Luís VII, Luís VIII e Luís IX (dinastia capetiana); Filipe III, o Ousado (dinastia capetiana); Isabel de Aragão (dinastia capetiana). Filipe, o Belo (dinastia capetiana); Luís XII (Casa de Valois); Francisco I (Casa de Valois); Henrique II (Casa de Valois); Catarina de Médici (Casa de Valois); Francisco II (Casa de Valois); Henrique III (Casa de Valois); Rainha Margot (Casa de Valois); Henrique IV (Casa de Bourbon); Luís XIII, XIV, XV, XVI, XVII e XVIII (Casa de Bourbon); Maria Antonieta (Casa de Bourbon); Nicolau Henrique (Casa de Orleans); Gastão (Casa de Orleans); Filipe de Orleans (Casa de Orleans); entre tantos outros.

Visitar a Basílica de Saint-Denis requer tempo. Primeiro porque ela está localizada nos subúrbios de Paris e, segundo, porque são tantos itens para conhecer que podemos passar horas. Esse templo é um dos mais fascinantes e significantes da história francesa que resistiu à fúria dos revoltosos e conseguiu, por meio de preservacionistas, reconstruir o passado glorioso da França. A energia histórica está impregnada em todos os cantos. Assim como a fé no padroeiro decapitado transborda aos que ali veneram a obra do seu mártir. Além de um prodigioso marco arquitetônico que revolucionou as futuras construções de templos católicos europeus. 

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