No inverno, o céu azul de Brasília ganha mais vida quando se enfeita com as cores dos ipês. Esse espetáculo anual é esperado ansiosamente pelos moradores e visitantes que chegam à cidade. As árvores floridas mudam a paisagem local e transformam os passeios em novas experiências.
Segundo a secretária de Turismo do DF, Vanessa Mendonça, “os ipês floridos se tornam pontos turísticos e lugares favoritos para fotos. Os nossos eixos, asas e ruas começam a ganhar um toque especial e atraem olhares por todas as partes, fazendo de Brasília a capital dos ipês. Esse sentimento é tão forte que o ipê amarelo foi escolhido para simbolizar o Governo do Distrito Federal”.
Para celebrar a capital dos ipês e a época de floração, a Secretaria de Turismo do DF (Setur-DF) está selecionando por meio de processo simplificado de chamamento público sessenta e seis artesãos para exporem produtos bordados sobre a temática na Casa de Chá, entre os dias 16 e 31 de agosto. O local é administrado pela Setur e abriga um dos Centros de Atendimento ao Turista. O artesanato é um produto turístico que dialoga com as referências culturais da cidade e a gestão do segmento é atribuição da Setur-DF.
A artesã venezuelana Cléia Silva Pedreira se especializou em bordar ipês e vai se inscrever no processo seletivo para expor na Casa de Chá. Ela conta que chegou a Brasília em 2018 e não entendeu porque havia tantas referências aos ipês na cidade, seja no artesanato ou no comércio em geral. “Lembro que uma vez saí pela cidade e era a época das floradas dos ipês amarelos, a cidade estava muito colorida e vi muitas pessoas paradas nas pistas, ou nos carros ou à pé, olhando e fotografando as árvores. Foi assim que entendi, são muitos ipês floridos que deixam a cidade muito mais bonita”, declarou a artesã.
Rota dos ipês
Já existe na cidade um movimento natural das pessoas apreciarem as árvores floridas. Assim, foi criada a Rota dos Ipês por meio de uma espécie de saber tradicional e mapeados locais onde estão as árvores que causam maior encantamento durante as floradas. Como exemplo, em frente à Catedral, no Eixão Norte e Sul, na L4 Sul (em frente à Faculdade Unieuro), no Setor Bancário Sul, em frente ao Edifício Sede da Caixa e no Setor de Divulgação Cultural.
E não basta apreciar, o morador gosta também de fotografar. No entanto, as floradas duram poucos dias. Para facilitar a tradição de apreciar e fotografar a floração dos ipês, a bióloga e mestre em Ecologia, Paula Ramos Sicsú, criou o aplicativo “Ipês”. Uma ferramenta colaborativa que é alimentada com dados fornecidos pelos usuários.
“O aplicativo é de construção comunitária. Ele só vai funcionar bem se os usuários colaborarem para isso. Diferente de aplicativos que “entregam serviços”, o Ipês depende dos dados fornecidos pelos usuários. É a comunidade que vai baixar o aplicativo, colocar fotos dos ipês para que todos possam apreciar, marcar as árvores ainda não registradas, dizer se estão floridos, informar como é o ambiente onde se encontram. A ideia é construir juntos algo que ajude a todos a apreciar melhor a natureza onde vivemos, o que sozinhos não conseguiríamos”, disse Paula Sicsú.
O app “Ipês” está disponível nas versões para smartphones que usam a plataforma Android ou IOS e pode ser baixado gratuitamente no Google Play e na App Store. O projeto não tem fins lucrativos e pretende incentivar a população a conhecer, participar da preservação da biodiversidade e fortalecer uma rota de visitação aos ipês da capital federal. Lançado na 1ª semana de julho e com apenas um mês de lançamento, o aplicativo já tem 3.334 usuários e 1300 árvores de ipês cadastradas.
Sobre os ipês
Segundo dados da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), o Distrito Federal tem 230 mil árvores plantadas das cinco espécies de ipês: roxa, rosa, amarela, branca e verde. No entanto, até o final do ano serão plantadas mais 40 mil mudas em toda a região.
O início das floradas depende da baixa temperatura e estiagem. As flores roxas são as primeiras. Em seguida, as amarelas, depois as brancas, rosas e as verdes, mais raras. A ordem não é rígida. Depende da temperatura e da estiagem. As floradas roxas surgem entre maio e julho, concomitante ou na sequência aparecem as amarelas e rosas e finalizam com as brancas, prenunciando o início das chuvas.
Texto por: Agência com edição de Patrícia Chemin
Foto destaque por: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília