Um prédio de 31 x 14 metros na região do comércio, mais conhecida como Ver-o-Peso, na cidade de Belém, receberá novas cores a partir desta quarta-feira. Esse é o primeiro mural em empena lateral de um prédio da cidade, assinado pela artista índigena Auá Mendes. A produção é feita pela Gentilização e pela Tinta Preta Produções.
A obra azul, que traz uma menina com uma onça, traz como inspiração a dimensão dos sonhos e da realidade da cosmovisão indígena vivida pela artista. A transmutação das cores em energia e a perspectiva dos animais como seres encantados são representados na obra IXÉ MAKU, que se trata de uma jornada poética de autodescoberta, mas também de auto reflexão.
“Enraizando o corpo e mirando para o céu, quais caminhos trilhar para olhar pra dentro de si… Acreditando no caminho ancestral que foi construído antes de mim, IXÉ MAKU é um portal que fala de enraizar o corpo para mirar como uma flecha certeira no céu”, conta a artista.
Auá Mendes é Indígena do Povo Mura, Artista, Manauara do Amazonas, formada em Tecnologia em Design Gráfico pela Faculdade Metropolitana de Manaus – FAMETRO. Designer gráfica, ilustradora, grafiteira e atualmente designer do Museu das Culturas Indígenas de São Paulo. Já desenvolveu projetos para Converse Brasil, Natura, Hersheys, Google Brasil, Nike, Top Trends, Nu Bank, Feira Preta, Tomie Ohtake, PerifaCON, Vivo, MAM, Instituto Goeth Indonésia e entre outros.
A obra é produzida como parte da programação da Bienal das Amazônias, que iniciou dia 04 de agosto e conta com programação até 05 de novembro. Em sua primeira edição, a Bienal das Amazônias tem como tema “Bubuia: Águas como Fonte de Imaginações e Desejos” e abrirá ao público no dia 4 de agosto e estender-se-á até novembro.
Criada com a proposta de despertar a reflexão sobre como se faz arte na região sem estereótipos, a Bienal reúne mais de 120 artistas/coletivos de oito países da PanAmazônia, além da Guiana Francesa. Do Brasil, estão presentes representantes dos nove estados da Amazônia Legal (Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima, e a Amazônia Oriental, composta, por exclusão, pelos estados do Pará, Maranhão, Amapá, Tocantins e Mato Grosso)
Uma nova relação com a cidade
O mural permanecerá visível em longa distância e será de grande destaque na paisagem urbana da cidade de Belém. Segundo Vera Nunes, CEO da Produtora Gentilização, que assina a produção do mural, pinturas em espaços públicos são formas de transformar a cidade em uma grande galeria de arte, proporcionando que todos, sem distinção, possam usufruir da produção artística.
“A obra que estamos produzindo foi pensada por uma artista que imprime a sua forma de enxergar o mundo. Uma visão que veio dos seus antepassados, que foi silenciada pela colonização e que agora, ela tem a oportunidade de expor em uma plataforma gigante, quase como um grito. É uma pintura que dialoga com os povos do norte do país, e com ela, queremos que as pessoas da cidade também possam acessar a arte de forma democrática. Com esse trabalho, estamos celebrando a cultura indígena e o poder da arte urbana no cotidiano das pessoas”, conta Vera.
A obra tem a produção executiva da Gentilização, e a produção local de tinta preta produções.
Especializada em artes em grandes proporções, desde 2015 a Gentilização produz murais em todo o Brasil e viabiliza produções artísticas que sugerem um olhar de maior conexão e gentileza para o asfalto das cidades. As obras estão espalhadas por diversos territórios de São Paulo, Campinas, Salvador, Belém, entre outras.
A Gentillização
A Gentilização é uma produtora de artes públicas de grandes proporções, como murais e empenas, fundada por Vera Nunes Santana, produtora de arte, apresentadora e especialista em projetos. Com o intuito de ampliar o acesso à arte e gerar impacto social, a Gentilização viabiliza produções artísticas que sugerem um olhar de maior conexão e gentileza para o asfalto das cidades. Por meio de uma curadoria artística apurada, voltada sobretudo para artistas decoloniais, utiliza a arte pública como ferramenta de manifestação.