As pesquisas arqueológicas desenvolvidas nas últimas décadas no litoral paulista revelam que a ocupação humana mais antiga nesta região foi a dos pescadorescaçadores- coletores, que deixaram como remanescentes os sítios arqueológicos denominados Sambaquis.
Tais sítios, construídos ao longo de muitos anos pelos grupos de pescadores-caçadores-coletores, são constituídos principalmente de empilhamentos de moluscos, entre outros restos provenientes da fauna marinha e terrestre, além de estratos arenosos ou terrosos, totalmente diferentes dos demais tipos de sítios arqueológicos existentes no país.
Os Sambaquis
Os sambaquis, construídos principalmente entre 6000 e 1000 anos atrás, foram erigidos a partir de episódios sucessivos de acúmulo de material construtivo num mesmo local, resultando em montes de diversos tamanhos. Os aspectos morfológicos e as dimensões dos sambaquis podem variar bastante, principalmente em âmbito regional. Além das conchas, restos de fauna e areia, também podem estar presentes na estrutura desses sítios, vestígios de fogueira, artefatos líticos ou osteodontomalacológicos, e ainda muitos sepultamentos.
É comum verificar nos sambaquis, enterramentos de indivíduos acompanhados de objetos funcionais como: ponta de projéteis, agulhas e furadores confeccionados em osso ou conchas; machados, polidores, pesos de rede, entre outros artefatos líticos, além de adornos como colares ou pingentes feitos a partir de conchas ou dentes de animais.
Relacionados à ocupação sambaquieira do sul de São Paulo ao Rio Grande do Sul também são encontrados os zoólitos, artefatos líticos polidos com extremo requinte técnico e estético, representando diferentes figuras zoomórficas e inclusive antropomórficas. Os sambaquis são monumentos intencionalmente construídos relacionados ao culto aos ancestrais, e sua formação é essencialmente o resultado de processos ritualísticos e simbólicos recorrentes por longos períodos.
A construção de grande quantidade desses monumentos ao longo do litoral refletiria grande estabilidade territorial, econômica e cultural da população sambaquieira e uma significativa expansão demográfica, com padrões elaborados, cada vez mais complexos de organização social e política. Ao longo de muitos anos os sambaquis sofreram constantes intervenções devidas principalmente à exploração de cal usada em construções e a crescente expansão imobiliária no litoral. Por este motivo estão hoje em dia protegidos por lei e salvaguardados pelo IPHAN.
Fonte: Cintia Bendazzoli