Entendendo os Marcos históricos de Campinas…
No início, a cidade de Campinas era formada por poucos armazéns e pequenas casas que abrigavam seus donos. Com a vinda da cultura da cana-de-açúcar, foram surgindo fazendas em terras de sesmarias e, com isso, despontou uma nova arquitetura: a dos engenhos de cana-de-açúcar.
Rudimentares e com construções térreas edificadas com taipa, essas estruturas eram feitas apenas com fins funcionais devido à escassez de materiais de construção diferentes dos encontrados no meio em que viviam. O barro era a fonte primária de todas as edificações e, com ele, sua técnica construtiva entrou em todos os imóveis da época.
O Café
Com a chegada do café e o aumento de sua produtividade, as antigas sedes das fazendas foram aumentadas, principalmente na vertical, acrescidas com mais um andar, este para moradias, e o térreo passou então a ser o lugar para guardar mantimentos e instrumentos agrícolas. Além disso, toda a área ao redor das sedes foi modificada para a implantação de terreiros para secagem do café, tulhas e, com o aumento da mão de obra escrava, mais senzalas. Outra grande modificação nas fazendas foi a construção de muros para protegê-las e também para manter vigilância contra a fuga de escravos.
Casa-grande
Se fizermos um comparativo entre a arquitetura das casas-grandes do período da cana-de-açúcar com a do ciclo do café vamos notar pequenas diferenças na divisão dos cômodos. As salas ficavam na frente, as alcovas e os quartos, no centro, e a varanda e a cozinha ao fundo, em um prolongamento. Porém, após a chegada das linhas férreas, em 1870, houve uma grande mudança na ampliação dos espaços internos, principalmente nas salas. A taipa de pilão e a pedra foram soberanas nessas edificações. Porém, no período republicano, já era comum haver construções de alvenaria (tijolo), criando um ambiente arquitetônico mais urbano.
Tulhas
Geralmente situadas ao lado da casa de máquinas, as tulhas eram grandes galpões que serviam para armazenar o café que deveria ficar longe da umidade. As primeiras construções, de taipa, foram depois substituídas pelas de tijolos.
Senzalas
Na maioria das fazendas de Campinas, as senzalas eram pequenas em relação ao número de escravos; tinham telhado único em duas águas, chão batido e eram mantidas fechadas para maior controle dos capatazes.
Colônias
Com a substituição da mão de obra escrava pela dos imigrantes, surge um novo elemento na paisagem urbanística das fazendas: as casas destinadas aos trabalhadores assalariados. A maioria das colônias foi implantada fora do contexto arquitetônico secular. As novas casas, geminadas de duas em duas, eram de alvenaria de tijolo.
Terreiros
Essas áreas introduziram um novo elemento arquitetônico nas fazendas de café. Serviam e ainda servem para a lavagem e a secagem dos grãos. Poderiam ficar em terrenos planos ou em patamares. Antes eram dispostos sobre a terra batida, mas, para melhorar a qualidade do café, passaram a ter chão de tijolos. Isso representou um incremento para a indústria da olaria… Em Campinas, no ano de 1873, chegou a ter doze em funcionamento.
Casa de Máquinas
Essas construções eram primordiais ao ciclo produtivo. Pois era ali que se dava o beneficiamento do café, fosse usando força animal ou hidráulica e, um século depois, elétrica. Esse também era um local para descascar, ventilar, escolher e classificar os grãos. O café era socado em monjolos, pilões ou por meio do carretão (atrito). Mais uma vez, esses maquinários foram gradativamente se modernizando e levaram, na cidade, à criação de fábricas de implementos agrícolas.
Para saber mais: cidade de Campinas