Maria Mercedes Fea, italiana, natural da cidade de Canelli, então uma jovem de 1,66 m, loira, pele muito clara, magra, olhos castanhos e grávida de seis meses, foi encontrada morta, dentro de um baú.
Ela conheceu seu marido, Giuseppe Pistone, italiano, em uma viagem de navio que ia da Itália para a Argentina, em 1925. Ela ia visitar sua família que residia em Buenos Aires. E ele, que havia recebido uma herança de seu pai, ia tentar nova vida na cidade. Contra a vontade da família, em fevereiro de 1928, Fea se casou com Pistone. E logo mudaram-se para São Paulo, pois ele ia trabalhar para o seu primo. Primo este que já estava estabelecido no comércio onde vendia salames e vinhos. Pistone queria sociedade com o primo e mentiu a ele dizendo que sua mãe enviaria o dinheiro necessário para entrar no negócio. Maria Fea, ciente da situação financeira do marido, sabia que ele mentia ao primo e que não tinha mais dinheiro a receber.
Desiludida, ela escreveu uma carta à sogra, expondo toda a sua indignação com a falta de caráter do marido. Ele descobriu a carta e, depois de uma discussão violenta, esganou, sufocou e asfixiou a esposa com um travesseiro. Para se livrar do corpo, Giuseppe a colocou em um enorme baú junto com suas roupas e espalhou pó de arroz para disfarçar o cheiro. Viajando de trem para Santos em outubro de 1928, despachou a mala no porto em nome de Francisco Ferrero, para a cidade Bordeaux na França. Quando o baú de 87 kg foi içado pelos marinheiros do vapor francês a Massilia, atracado no armazém 14, ele caiu, se desmontou e revelou o cadáver, já em estado avançado de decomposição. Imediatamente, o delegado Armando Ferreira da Rosa foi acionado e em 24 horas o crime foi esclarecido.
Preso, o marido disse que sua esposa o traía e por isso a matou; na época, esse tipo de crime era perdoado. Mas, após mais investigações, ficou apurado que a morte tinha ocorrido por causa de uma carta. “O crime da mala”, como ficou conhecido, chocou o país. Maria Fea foi enterrada no Cemitério da Filosofia, em Santos. Giuseppe cumpriu pena de 22 anos e faleceu em 1956. O baú se encontra em exposição no Museu do Crime em São Paulo.
O túmulo da Maria Fea é muito visitado por religiosos. Eles a consideram uma santa e mártir e lhe atribuem muitos milagres e graças alcançadas. Uma capela foi erguida em sua homenagem.
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