São Paulo agora está entre os estados brasileiros que decidiram transformar o Dia Nacional da Consciência Negra em feriado. Para celebrar a data (20 de novembro), a Secretaria de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo (Setur-SP) traz informações sobre um segmento de turismo que vem ganhando destaque nos últimos anos, o turismo étnico ou Afroturismo, como é chamado. Para proporcionar experiências com esta vertente, o estado de São Paulo já conta com um trabalho sério de grupos dedicados em contribuir para que o turismo afro seja mais reconhecido e o legado dos negros na formação da sociedade seja mais valorizado.
“O nosso governador Tarcísio de Freitas entende a tamanha relevância da data e levando em consideração que os negros são 56% da população brasileira (IBGE/2022), o turismo étnico no Brasil é essencial para o regaste de nossas histórias e memórias. Isso tem um peso enorme. O governo de SP pretende fortalecer o debate sobre o povo e a cultura africana presente em todo Brasil, seja por meio do turismo, da política, da religião, da gastronomia, da música e tantas outras áreas”, destacou o secretário de Turismo e Viagens de SP, Roberto de Lucena.
Várias são as cidades do Brasil em que o turismo afrocentrado tem crescido e o estado de São Paulo tem inúmeros exemplos disso. O turismo quer contar estas histórias e já está colocando estes produtos nas prateleiras porque são inúmeros os atrativos e os personagens emblemáticos que remetem aos negros, e que só agora começam a aparecer em roteiros de turismo e guias de viagem.
Considerados embaixadores do Afroturismo, o Guia Negro é uma plataforma que realiza experiências turísticas em diversas cidades brasileiras, faz consultorias, produção independente de conteúdo sobre viagens, cultura negra, afroturismo, movimentos e black business.
Segundo o fundador do Guia Negro, colunista da Folha de S. Paulo e apresentador do Guia Negro Entrevista/podcast Afroturismo, Guilherme Soares Dias, se viajar é uma experiência transformadora, também precisa ser inclusiva. “O afroturismo é crescente no estado de SP, há diversas experiências que foram ganhando forma. Vemos mais procura e mais possibilidades de conhecer a cultura e história negro. Os turistas que vem ao estado de SP e se deparam com esses lugares, se surpreendem com tantas opções e tem a oportunidade de conhecer as cidades com o olhar do protagonismo negro. Acreditamos que esse é um caminho sem volta”, explicou Dias.
Guilherme garante que em São Paulo há empreendimentos como a Rota da Liberdade e a Rota Afro que proporcionam experiências de turismo afrocentrado incluindo tours guiados, viagens, hospedagem, passeios para quilombos e tours com enfoque nas religiões de matriz africana.
Nas experiências oferecidas por esses grupos de empreendedores são mostrados aos turistas estrangeiros e brasileiros, além da população local, o quanto os africanos e seus descendentes têm participação central na construção do nosso país, principalmente nas cidades históricas e mais turísticas.
Solange Barbosa, historiadora e turismóloga é pioneira do Afroturismo no estado de São Paulo com a Rota da Liberdade, lançada pela Setur-SP em 2006 na cidade de Sorocaba. A Rota da Liberdade em 2009 foi eleita um dos 10 melhores projetos de Geoturismo do Mundo no Desafio da Ashoka/National Geographic, em 2021 e foi eleita um dos três melhores projetos de Turismo Sustentável no Desafio Ashoka/CTH Brasil. Foi eleita em 2021 uma das 100 pessoas mais influentes do Turismo Brasileiro pelo Portal PanRotas e uma das 40 pessoas mais influentes do Turismo Sustentável no mundo pelo Global Shakers.
A Rota da Liberdade destaca os roteiros no Quilombo da Fazenda em Ubatuba, local que a comunidade pratica o Turismo de Base Comunitária e é reconhecida nacional e internacionalmente por sua gastronomia e também pela Casa da Farinha, Patrimônio Material de Ubatuba.
Outro destaque é o roteiro com o Quilombo Cafundó em alto de Pirapora, um pedacinho de Angola no Estado de SP, que trabalha diversos aspectos da cultura afro-brasileira, com destaque para a produção autoral de moda, realizando estamparia botânica com folhas, flores e sementes do Quilombo. Também destaca a Caminhada Negra em Pindamonhangaba e o roteiro no Centro Cultural Afro-brasileiro e Biblioteca Zumbi dos Palmares na cidade de Taubaté. “Hoje temos roteiros de Afroturismo em todo o Estado de São Paulo, que é uma vertente do turismo cultural, e trata o setor com base em comunidades negras. Significa conhecer, reviver, respeitar e vivenciar aspectos da história e da cultura negra”. ‘
O Rotas Afro é uma iniciativa de museologia social e preservação da memória afro-brasileira focada no interior de São Paulo que conta as histórias negras das cidades através de caminhadas turísticas, culturais e tecnológicas. Reconhecido como Ponto de Memória pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), tem como objetivos contribuir com a construção de imaginários positivos acerca da história do povo negro no Brasil e promover espaços de descoberta de uma nova cidade. O Rotas Afro atua em Piracicaba, Campinas, Vinhedo e Rio Claro.
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