Bar e música: Esquina é point em Beagá

Prestes a comemorar o seu sexto aniversário, o Bar do Museu do Clube da Esquina fica no lugar onde “nasceu” o emblemático Clube da Esquina, um grupo de músicos integrado por estrelas como Milton Nascimento, Wagner Tiso, Lô Borges e Beto Guedes.

Ir a Belo Horizonte e não conhecer a esquina das ruas Divinópolis com Paraisópolis, no bairro de Santa Tereza, é quase como cometer um pecado mortal. Especialmente, para quem é amante de MPB. Foi nessa esquina que “nasceu” o icônico Clube da Esquina, um dos principais movimentos da música popular brasileira. Ali também fica a entrada do Bar do Museu do Clube da Esquina, uma casa que propõe uma viagem ao tempo, mais precisamente ao início dos anos 1960, quando o clube surgiu como resultado da amizade entre Milton Nascimento e os irmãos Márcio e Lô Borges.

Embora muitos acreditem que no cruzamento das ruas Divinópolis com Paraisópolis tenha funcionado um clube, ele nunca existiu de fato: era chamada de Clube da Esquina a reunião de jovens músicos que acontecia ali, no efervescente bairro de Santa Tereza. Em seu DVD Intimidade (2008), Lô Borges conta que esse nome surgiu por acaso, após um amigo com melhores condições financeiras convidar os músicos para se divertirem no Iate Clube, que somente era frequentado por ricos. Então, um deles respondeu: “Nosso clube é aqui, na esquina!”.

O Clube nasceu em 1963, quando Milton Nascimento, o Bituca, mudou-se para a cidade e foi morar no Edifício Levy, onde vivia a família Borges. Segundo Lô Borges, o primeiro encontro entre ele e Milton aconteceu quando ele, na época com dez anos, ao descer a escadaria do prédio para ir comprar pão, ouviu alguns sons vindos dos andares de baixo. Ao chegar no 5º andar, ele encontrou Milton tocando uma canção — assim começava a amizade.

Mas, Milton se aproximou primeiro dos outros irmãos, Marilton e Márcio Borges – este último se tornou um dos letristas mais importantes para as suas primeiras composições. Antes disso, o cantor já era amigo do pianista Wagner Tiso, com quem tocava no conjunto W’s Boys. Além de Milton, Wagner Tiso e dos irmãos Lô e Márcio Borges, os jovens se reuniam também os músicos Fernando Brant, Nivaldo Ornelas, Toninho Horta e Paulo Braga. Nascia assim o Clube da Esquina.

Visitar o bar é reviver a história dos jovens músicos e o melhor: ter a possibilidade real de ouvir ao vivo e em cores um dos integrantes do Clube da Esquina. Com exceção de Milton, todos os artistas que fizeram parte do Clube da Esquina já deram uma palhinha durante o show de algum músico. No início de agosto, Cláudio Venturini e o cantor, compositor e instrumentista Telo Borges (irmão de Lô) não resistiram, subiram ao palco e cantaram ao lado da banda Equatorial. “O pessoal sempre está aqui e acaba se apresentando para o deleite dos fãs”, diz Virgínia Câmara, produtora do bar.

O repertório do Clube da Esquina é naturalmente o carro-chefe do bar, que também recebe artistas de diferentes vertentes, como do jazz, do rock, do samba raiz e até do rap. “O bar está sempre aberto para todos, incluindo para os novos talentos, que querem gravar um disco ou lançar uma faixa”, prossegue Vírginia. 

O local (antigo Bar Godofredo) passou por uma reforma, ampliando seu espaço para atender cerca de 200 pessoas. Todos os espaços do lugar têm ligação com os músicos do Clube da Esquina, tanto a decoração dos ambientes inferiores quanto a do museu, situado no andar superior. São fotografias, capas de discos, bilhetes… Na varanda do bar, é possível ler uma carta de Milton Nascimento para Márcio Borges. 

Também o cardápio é uma homenagem aos músicos: os pratos e drinques recebem nomes de canções dos integrantes do Clube da Esquina. Do menu de comes consta petiscos como “A La Bituca” (pasteis de angu) e o “Gente que Vem de Lisboa” (bolinho de bacalhau), por exemplo. Para quem tem mais apetite, o menu oferece alternativas como o “Trem Azul” (filé mignon ao molho de gorgonzola), o “Um Gosto de Sol” (risoto de abóbora e carne seca) e o “Amor de Índio”, para quem gosta de galinhada com pequi.

Para beber uma Caipirinha, é só pedir “Coração Brasileiro”. Se a opção for Caipivodka: “Nada Será Como Antes”. O drinque pode vir acompanhado de uma “Espanhola” (croquetes de calabresa com pimenta biquinho e molho barbecue). Há, ainda, o “Anjo Bom”, um drinque sem álcool feito com morango e sucos de laranja, abacaxi e limão. Para quem quer finalizar a noite docemente, tem o “Paula e Bebeto” (Romeu e Julieta, queijo com goiabada cascão) e muitas outras sobremesas.

A programação musical do bar é bastante eclética e é disponibilizada todas as segundas-feiras no site da casa. Os shows ao vivo acontecem de terça-feira a sábado (mas, devido à pandemia, sempre é bom conferir e também fazer a reserva), com estilos musicais que vão do rock ao blues, passando pelo jazz e pela MPB, além, é claro, de muitas canções do Clube da Esquina. Simplesmente imperdível!

SERVIÇO – Bar do Museu do Clube da Esquina

Rua Paraisópolis, 738, Santa Tereza (bairro que também é berço de bandas como o Sepultura e o Skank) – Belo Horizonte/MG

Telefones: (31) 2512-5050 / (31) 9688-0558

Aberto de terça-feira a sábado, das 19h às 2h; domingos, das 16h às 21h

Mais informações em: www.bardomuseuclubedaesquina.com

Texto e fotos por: Fabíola Musarra