A Basílica do Sangue Sagrado, na cidade de Bruges, Bélgica, é um dos mais interessantes pontos turísticos da região de Flandres. Sua entrada modesta, porém carregada de simbologia, abriga uma relíquia muito peculiar: o Santo Sangue.
A então capela de Conde de Flandres, como era denominada, foi fundada em 1134, ou seja, no século XII, que atesta a sua importância histórica na região. Somente em 1923 é que a capela foi elevada à Basílica Menor.
As relíquias
O ato de adoração às relíquias começou quando São Policarpo foi queimado, no ano de 156, e seus discípulos, recolheram seus ossos e os guardaram e, aí muitas graças foram alcançadas, atribuídas aos tais ossos.
Daí em diante, a procura de vestígios de roupas, ossos, qualquer coisa relacionada aos mártires, se intensificou e, em certa medida, a busca por relíquias transformou-se em objetivo de vida para muitos cristãos, na Idade Média.
Portanto, uma igreja que tenha um destes objetos, ou partes de corpos dos designados santos, possui o que chamamos de relicário, local sagrado, geralmente colocado no altar-mor dos templos.
O Santo Sangue
O Santo Sangue é uma das principais relíquias existentes, classificada como grau 01, pois é parte do corpo e, no caso, de Jesus Cristo. O Sangue foi coletado com Cristo ainda na Cruz. Além da Basílica de Bruges, somente sete possuem tal relíquia: o Sudário de Oviedo na Espanha, O Sudário de Turim, na Itália, a Abadia de Weingarten na Alemanha, a Basílica di Sant’Andrea di Mantova na Itália, a Abadia da Santíssima Trindade na França, a Abadia de Westminster na Inglaterra e a Igreja de São Tiago na Alemanha. Na Basílica de Bruges a relíquia é mostrada ao público às sextas-feiras.
A construção
O local da Basílica do Sangue Sagrado é um anexo da antiga casa dos Condes de Flandres. Aqui, foram construídas duas capelas: a capela de São Basílio e a capela do Santo Sangue. Na primeira capela está a relíquia de São Basílio, trazida pelo Conde Robert II, quando este esteve na Capadócia, Turquia. Já o Santo Sangue foi trazido por Thierry da Alsácia, quando retornou da Segunda Cruzada, em 1150.
A arquitetura
A capela de São Basílio foi edificada em estilo românico, com uma nave central e duas naves laterais.
Podemos admirar obras como: Batismo de São Basílio, do século XII; Madona e o Menino, do século XIV; Jesus sobre a Pedra Fria, de 1900; e Pieta, também de 1900.
Acrescentada em 1504, a capela de Saint Yves contém as relíquias de São Basílio e do Conde de Flandres, o beato Carlos, o Bom.
A capela do Santo Sangue, também edificada em estilo românico, foi transformada em gótica no século XV.
Na fachada, oito estátuas em bronze retratam Isabelle da Borgonha, Maria da Borgonha, Thierry da Alsácia, Albert VII, Maximiliano III, Margarida de York e Sibylla d’Anjou.
No interior, vitrais datados de 1845, que representam a saga dos que reinaram sobre Flandres. Muitos arquitetos de renome participaram na transformação neogótica da capela: Louis Delacenserie, Thomas Harper King e Karel De Wulf, são alguns deles.
Em todos os cantos, peças simbólicas traduzem a importância histórica do local, uma delas retrata a vinda do Santo Sangue até Bruges.
Nas laterais do altar-mor estão dois símbolos importantíssimos para os rituais católicos medievais: o tintinnabulum, sino que representa o elo entre o local e o Papa, e o umbraculum, um guarda-chuva que representa as insígnias papais, usado para fornecer sombra ao Papa nas procissões.
Onde: Burg, 13 – Bruges.