O campineiro Nhô Tonico, como era graciosamente chamado, conseguiu com seu dom esplendoroso elevar a música brasileira a um patamar mais alto e respeitado na Europa.
Antônio Carlos Gomes nasceu na Rua da Catedral Metropolitana de Campinas, em 11 de julho de 1839, e é considerado o mais importante compositor de ópera do Brasil. Filho de Manuel José Gomes e de Fabiana Jaguari Gomes , quando criança Carlos Gomes perdeu sua mãe – assassinada quando tinha 28 anos; então, seu pai teve de arcar com os cuidados de seus irmãos.
Com eles formou uma banda musical, na qual Carlos deu os primeiros passos na música, e aprendeu a tocar vários instrumentos. Seu irmão mais velho, José Pedro de Sant’Ana Gomes, percebeu o dom de Carlos e o incentivou. Juntos trilharam um longo caminho em apresentações em bailes e concertos. Para aumentar a renda familiar, Carlos trabalhava em uma alfaiataria.
Desde os 15 anos já compunha valsas, polcas e quadrilhas e, aos 18, compôs sua primeira Missa [música sacra ligada às tradições e ao rito das cerimônias da Igreja Católica]: a Missa de São Sebastião, em homenagem a seu pai. Em 1857, compôs a modinha [canção de origem brasileira, sentimental e marcada pela influência da ópera italiana] Suspiro d’Alma. Passou a lecionar piano e canto e dedicou-se ao estudo das óperas. Ultrapassou os limites de Campinas e, em 1859, ficou conhecido em São Paulo onde compôs o Hino Acadêmico, até hoje cantado pelos estudantes de Direito assim como outra modinha Quem sabe?.
Recebeu muitos incentivos, mas contrariando o pai (fato que atormentou o compositor a vida inteira), tomou o rumo da Corte no Rio de Janeiro para aperfeiçoar seus estudos no conservatório da cidade. Ao ter conhecimento do talento de Carlos Gomes, Dom Pedro II tornou-se seu admirador. Outor gou-lhe a “Imperial Ordem da Rosa” e passou a ser seu mecenas enviando-o a Milão, em 1863. Então, em 1870, no Teatro Alla Scalla, Carlos Gomes apresentou a ópera O Guarani com sucesso total. Essa ópera foi encenada em todos os palcos mais importantes do mundo.
Adelina Conte Peri, italiana, pianista, professora e colega de sala de conservatório de Carlos, conquistou seu coração e, em 1871, casaram-se. Tiveram cinco filhos, porém quatro deles morreram; restou apenas sua filha, Ítala Gomes Vaz de Carvalho. Contudo, com a morte do filho Mário, de 5 anos de idade, Carlos Gomes entrou em profunda depressão. Foi morar em Gênova, começou a ter problemas financeiros, viciou-se em ópio e se separou de Adelina em 1885.
Depois de muitas idas e vindas ao Brasil, para apresentações magníficas, Carlos sofreu outros baques: o exílio de Dom Pedro II e um câncer na língua e na garganta. Em 1895, mesmo doente, aceitou o convite do governador do Pará, Lauro Sodré, para organizar e dirigir o Conservatório Musical do Estado.
Porém ficou no cargo apenas três meses e, com aclamações populares fervorosas em homenagem ao amado compositor, Carlos vem a falecer um ano depois, em 16 de setembro de 1860, aos 60 anos.
Tratado como herói, seu corpo foi embalsamado e só em seu cortejo fúnebre havia mais de 70 mil pessoas. Campos Salles pediu que o ídolo brasileiro fosse enterrado em sua cidade natal, e hoje podemos visitá-lo em seu glorioso Monumento Túmulo na Praça Antônio Pompeo, no centro de Campinas. Suas óperas: A Noite do Castelo (1861); Joanna de Flandres (1863); O Guarani (1870); Fosca (1873); Salvador Rosa (1874); Maria Tudor (1879); O Escravo (1889); Condor (1891); Colombo (1892) e Minha Campinas (s/d).
Para saber mais: cidade de Campinas
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