O armador e responsável, Manoel Balthazar da Cunha Fortes era uma personalidade, em uma época de crescente desenvolvimento econômico, social e cívico da cidade. Balthazar da Cunha, um homem pobre e de poucos estudos, construiu um patrimônio suficiente para a construção do seu Casarão, chamado de majestoso solar para o conforto de sua família.
Ali vivia com sua esposa Dona Benedita Batista da Cunha Fortes e seus filhos, que depois fizeram parte da sociedade local. Baltazar veio a falecer no dia 26 de fevereiro de 1874, sendo seu nome imortalizado em uma das ruas do centro de Ubatuba.
Cabe salientar que alguns historiadores sustentam que o Sobradão do Porto funcionava como Alfândega local, outros afirmam que nesse local Dom Pedro I, encontrava-se secretamente com a Marquesa de Santos. Ao certo, sabemos por fontes primárias, recolhidas por Washington de Oliveira que apenas a parte de cima do edifício era residência de Balthazar da Cunha e sua família, no térreo estava o armazém e a casa comissária – importadora e exportadora de bens comerciais (De Oliveira, 1977:74).
Outros inúmeros casarões na pequena Vila de Ubatuba, hoje região central da cidade, foram erguidos pomposamente. Eles mostravam os fartos recursos dos comerciantes locais e seu desenvolvimento econômico. Ubatuba viveu momentos de glória, sendo considerada uma das principais cidades de São Paulo, ajudou à economia do Estado. Nessa época, ficou à frente dos municípios, com a maior renda de toda a Província.
Eram viajantes errantes, que vinham negociar, tropeiros e aventureiros de todas as fronteiras desfilavam pelas ruas ubatubenses. Festas e bailes nos pomposos solares com muito esplendor e ostentação. Isso demonstrava a importância, para aqueles que aqui passavam, da prospera Ubatuba, cidade portuária de grande destaque no cenário nacional.
Existiu até mesmo um belo teatro na cidade com apresentações de peças e óperas de diferentes companhias, nacionais e estrangeiras. O Teatro de Ubatuba ficava localizado exatamente onde hoje se encontra o Fórum de Ubatuba. Na antiga Praça Nóbrega, hoje o calçadão, esquina com a Rua Celso Ernesto de Oliveira. Construído, pelo português Joaquim Ferreira Gomes, com espaço para trezentas pessoas, as de maior poder econômico tinham lugar cativo em camarotes para assistir as representações.
Instalações de muito bom gosto mostravam uma construção com um acabamento e decoração de primeira, tudo feito de madeira. Mas, durante a segunda decadência do município, este edifício foi esquecido e abandonado. Em 1910, a herdeira do teatro, Dona Luzia Dias Círio, sem recursos decide demoli-lo. Então o prefeito Ernesto Gomes de Oliveira, o adquiriu como bem municipal.
Nas comemorações do III Centenário de Ubatuba parte do antigo teatro foi demolido… Seus camarotes e frisas, se encontravam em péssimo estado de conservação . Chegou ainda, a funcionar em suas dependências o primeiro cinema de Ubatuba, por pouco tempo. Nos anos 50, o governo municipal da época decidiu doá-lo ao Estado para a construção do atual Fórum Municipal. Somente depois de meio século que mudou dali.
O exemplo deste teatro é ilustrativo. Ubatuba guarda pouco de sua herança em edificações que poderiam traduzir uma imagem arquitetônica do patrimônio histórico de miscigenação artística, uma mistura de estilos na construção. Em uma época importante, a cidade conquistou para sua população um estado de urbanização ímpar que revolucionou a projeção de sua imagem em termos de futuro. Alguns poucos traços históricos de suas construções arquitetônicas foram preservadas e servem como referência para seus habitantes.
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