Existem muitas versões de como o café foi descoberto pelo ser humano, porém a mais razoável fala da observação feita por Kaldi, um monge pastor da Abissínia, atual Etiópia, que, ao sair com seu rebanho à procura de comida, não conseguia descansar devido à intensa movimentação de seus animais.
Eufóricos em demasia, o pastor achava que aquela agitação era uma coisa demoníaca e, ao voltar à comunidade, relatou o fato aos companheiros. Passados alguns dias, outros pastores foram até o local do estranho acontecimento e perceberam que ali havia árvores com frutinhas vermelhas. Coletaram alguns exemplares e voltaram para casa onde fizeram vários experimentos culinários.
Um deles foi uma infusão com a semente moída. Ao tomarem o “chá”, todos os presentes sentiram euforia e um sentimento de acentuado bem- -estar. A notícia dessa bebida mágica se espalhou rapidamente. Muitos a consideravam tóxica e em vários lugares chegou a ser proibida.
Como um verdadeiro tesouro, os grãos de café eram traficados por toda a África até chegarem à Europa, saindo pelo porto africano de Moka e alcançando Veneza. Em 1616, um pé de café foi clandestinamente introduzido no Jardim Botânico de Amsterdã. Na França, uma muda foi dada de presente ao rei Luiz XIV. E assim se infiltrando, de muda em muda, a bebida mágica foi se alastrando por toda a Europa, proporcionando alegria e satisfação à nobreza da época.
“A planta de café é originária da Etiópia, no centro da África, onde ainda hoje faz parte da vegetação natural. Foi a Arábia a responsável pela propagação da cultura do café. O nome ‘café’ não é originário da Kaffa, local de origem da planta, e sim da palavra árabe qahwa, que significa ‘vinho’. Por esse motivo, o café era conhecido como ‘vinho da Arábia’ quando chegou à Europa no século XIV.” (Fonte: www.abic.com.br)
No Brasil , o chamado ouro verde chegou por meio da biopirataria praticada na Guiana Francesa, em 1727, pelo sargento-mor Francisco de Mello Palheta, a mando do governador do Maranhão e do Pará, João Maria da Gama.
A muda que chegou a nossas terras era igual à que tinha sido levada ao Jardim Botânico de Amsterdã, ou seja, do tipo Coffea arabica. Após atravessar a fronteira, o café se espalhou rapidamente em nosso território, fixando-se no Maranhão, na Bahia, no Rio de Janeiro, em São Paulo, no Paraná e em Minas Gerais. Segundo a Abic – Associação Brasileira da Indústria de Café, “[o café] se tornou a primeira realização exclusivamente brasileira que visou a produção de riquezas”.
Nos Estados do Rio de Janeiro e de São Paulo a produtividade tomou uma enorme proporção e fez com que o Brasil saísse da condição de
território extrativista para se tornar o maior exportador do produto cultivado.
O interior de São Paulo tornou-se reduto de grandes fazendas de café. Com sua arquitetura típica, formavam verdadeiros feudos com a casa-grande, o terreiro, a tulha, a senzala e a vila para os não cativos. Era enorme o poder dos donos dessas fazendas, chamados Barões do Café. Sua influência era não só econômica, mas também política e, por muitos anos, decidiram os rumos do Brasil. Os barões, além de suas fazendas, também tinham casas nas vilas, e até nas cidades de São Paulo e Santos para melhor acompanhar o embarque de seus produtos.
A febre do café em toda a Europa não cedia e nosso escoamento aumentava cada vez mais. Por meio do ouro verde, o interior de São Paulo cresceu, instalou estradas de ferro, organizou o porto de Santos, criou infraestrutura, formou elites, gerou revoluções, colocou presidentes no comando do país e trouxe para cá a cultura, a arte e a mão de obra europeia.
O cultivo do café foi e ainda é o maior impulsionador econômico de nossas atividades agrícolas.
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