Falar do time Bragantino nos remete ao apogeu vivido durante os anos 90, mas a história começou bem antes; afinal, o time foi fundado em janeiro de 1928. O primeiro grande momento do “Massa Bruta” foi a conquista de 1965. Neste momento o time foi para a primeira divisão, pela primeira vez.
Nessa época, que podemos chamar de “velha guarda”, ficaram registrados nomes como Wilsinho, que se consagrou grande artilheiro da época, e Oceania que, segundo alguns historiadores, foi o primeiro goleiro a fazer gol na história do futebol brasileiro. Os jogadores Pintado e Mauro Silva também são outros craques de bola que por aqui fizeram carreira.
Wilson Acedo, o “Wilsinho”, jogou profissionalmente por 22 anos, parando em 1982. Muito conhecido em Bragança, é uma personalidade querida na cidade e facilmente encontrada nas rodas de conversa da Praça Central, onde fica também seu escritório profissional. Guarda boas memórias da época em que jogava, e muitas histórias, algumas “incontáveis”, brinca o jogador.
“O jogo de 1965, que garantiu ao time acesso à divisão especial, foihistórico. A disputa foi no Estádio do Pacaembu, em São Paulo, contra o time de Barretos. O jogo estava tenso e foi decidido bem no final. Mas dessa conquista, o que eu nunca esqueço, é a reação do torcedor.
A cidade parou para nos receber e isso surpreendeu a todos. Houve uma carreata emocionante, com trânsito parado já na entrada da cidade, todas as ruas tomadas pela multidão, nunca alguém tinha visto coisa parecida em Bragança. Foi marcante, uma emoção que guardo viva na memória”, conta Wilsinho, enquanto revira, sobre a mesa, uma série de fotos antigas, juntamente com a camisa do jogo de 1965, e, claro, a bola do jogo, autografada por todos.
Fase de Ouro
As conquistas: colecionador de vários títulos, a “fase de ouro” do time foi vivida a partir dos anos 90. O Bragantino foi Campeão Paulista em 1990, cedendo quatro atletas para a Seleção Brasileira e revelando para todos o então desconhecido técnico Wanderlei Luxemburgo.
Em 1991, foi vice-campeão brasileiro e nesse ano cedeu para a Seleção toda a Comissão Técnica, com destaque para o técnico Carlos Alberto Parreira, outro “ilustre desconhecido” revelado pelo time.
De lá para cá, momentos altos e baixos, com uma torcida aguardando um retorno ao topo da primeira divisão e títulos de destaque. Desde 2005, o time joga pela série A1 do Campeonato Paulista e, desde 2007, pela série B do Campeonato Brasileiro.
Mesmo sem repetir o sucesso dos anos 90, o time mantém boa fama e tornou-se uma boa “escola”, revelando talentos que sempre são disputados pelos times da primeira divisão. Assim, os aspirantes sempre querem jogar no Bragantino porque sabem que alguém estará de olho na atuação dos novos talentos.
Leão – o mascote e torcedor fiel
Na década de 40, depois de vencer o rival local, Bragança Futebol Clube, o então presidente do time, Cícero Marques, prestou uma homenagem aos atletas, fazendo um quadro com a imagem de um leão para simbolizar a “força” dos vencedores. Desde então, o animal é o mascote do time e os torcedores se referem ao time como “Massa bruta” e “Leão”.
Um torcedor fanático entrou para a história com isso: o Beto Leão. Presente nas arquibancadas em todos os jogos do time, o fiel torcedor é figura conhecida, pois está sempre a caráter, fantasiado de leão, chegando muitas vezes a entrar junto com o time em campo.
Família de torcedores
“Eu venho de uma família de torcedores do Bragantino. Meus tios, meu pai. Está no sangue. Eu costumo dizer que tenho três filhos: o Tiago, o Rafael e o Bragantino. Eu tenho pelo Bragantino o mesmo amor que tenho pelos meus filhos”, declarou o torcedor, em 2012, durante uma entrevista à equipe da Rede Vanguarda, afiliada à Rede Globo que cobre a região do Vale do Paraíba.
A relação dos jogadores com os torcedores da cidade também sofreu mudanças a partir de 2005, quando o time se afastou do contato diário com o torcedor na rua, nas conversas pela praça. Uma das marcas registradas do time sempre foi o vínculo com o torcedor e a familiaridade no contato diário, sempre presente na cidade, pelas ruas, com ponto de encontro certo na praça central, após os treinos. “Isso se perdeu, e o torcedor sente muita falta desse contato.
Assim, muitos jogadores ficam anônimos, se passarem pela rua é bem provável que muita gente nem saiba quem é jogador do time atualmente”, conta Juarez Sérgio, radialista que acompanha a trajetória do Bragantino desde o começo dos anos 70. “Viajei muito junto com o time, acompanhei os momentos de glória e também os momentos amargos. Uma característica marcante do time é o grande carisma que conseguiu conquistar. Conquista não somente no estado de São Paulo, mas pelo Brasil. Sempre que desembarcou para jogar fora de São Paulo, o time teve uma receptividade calorosa e amiga. Lembro que os cariocas sempre admiraram os jogadores bragantinos. O time quebrou a barreira da rivalidade e conquistou o Brasil.
Boas lembranças
Há muitas histórias e boas lembranças. Sempre me chamou atenção a reação dos passageiros quando o comandante do voo anunciava que o time estava a bordo. Virava uma festa, um clima de muita alegria”, conta o radialista, que é de Bragança. Imaginem para que time ele torce? Mas Juarez garante que, como todo profissional ético, se esforça diariamente para manter a imparcialidade durante as transmissões.
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