A partir da segunda metade do século XIX e no início do século XX, os italianos saíram em massa de sua terra natal. Estavam motivados por graves problemas econômicos impostos pela chegada da industrialização. Nesse cenário, os camponeses sofreram forte retração de mercado para seus produtos e não tiveram mais como sustentar a família.
No Brasil, com o crescimento do movimento abolicionista, os cafeicultores estimularam a vinda de imigrantes para trabalhar em suas lavouras. Por nossas fronteiras chegaram mais de 1 milhão de italianos, depois de enfrentarem condições adversas na travessia por mar. Assim que se instalaram, viram seus sonhos desmoronar tendo encontrado aqui condições de trabalho muito parecidas com as dos escravos.
A notícia se espalhou e o governo italiano alertou que não ofereceria mais subsídios para passagens ao Brasil. Com a quebra da bolsa de Nova York em 1929, o preço do café despencou no mercado internacional. Isso causou a falência de muitos cafeicultores, que então venderam suas propriedades a preços baixos. Esse movimento permitiu a muitos italianos conquistar definitivamente seu lugar ao sol, fazendo dessa conquista uma arma para vencer e ao mesmo tempo promover o desenvolvimento de muitas cidades. Muitos dos que optaram por trabalhar na zona urbana tornaram-se donos de fábricas e pontos comerciais.
Em 1938, Getúlio Vargas implantou a Campanha da Nacionalização, tornando obrigatório o uso de nomes brasileiros em estabelecimentos de ensino; os professores tinham de ser brasileiros e era proibido o uso de língua estrangeira. Vargas proibiu também instituições e associações estrangeiras, impôs censura a programas de rádio, nomes de ruas, cartazes, ou seja, nada que não fosse brasileiro poderia ser exibido. E a situação ficou muito pior com a Segunda Guerra Mundial, quando o confisco de bens dos italianos se tornou uma prática comum.
Em Bragança Paulista, a Sociedade Ítalo-Brasileira foi fundada em 2 de fevereiro de 1891, com o nome de Società Democratica de Mutuo Socorso. Contava com 129 sócios-contribuintes e seu presidente era Nicolau Asprino. A entidade surgiu graças aos esforços de seu primeiro presidente e de democratas como Samuel Saul, o capitão Nicolau Barra, Francisco Barlette e Próspero Bertolotti, com um bem organizado regimento interno. Tinha fins democráticos e humanitários, como estava inscrito em seu estandarte tricolor, para zelo e defesa dos interesses dos associados e para atender às necessidades de todos os compatriotas.
Em 1893, a Sociedade conseguiu enviar para Santos e Campinas a quantidade de 2 contos de reis para auxílio às vítimas da febre amarela; em 1895, um conto e cento e cinco mil reis para a Cruz Vermelha, em auxílio dos feridos na Guerra da África. Nesse mesmo ano, começou a construção de sua sede na Rua Coronel Leme. Durante a Segunda Guerra Mundial, época em que muitas famílias italianas de industriais e comerciantes e clubes de todo o Brasil sofreram discriminação, houve uma estagnação nas ações humanitárias, por motivos óbvios.
Atualmente, a Sociedade Ítalo-Brasileira de Bragança Paulista é um dos maiores símbolos de um momento marcante do progresso nacional, quando o país deixou de ser escravagista e avançou rumo à democracia. Nesse período de transformação de valores, agregação de costumes, aceitação de diferenças e, principalmente, acentuação da miscigenação consolidou-se uma das bases da formação do povo brasileiro.
Fonte: Sociedade Ítalo-Brasileira de Bragança Paulista. R. Coronel Leme, 176 – Centro.
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