O Icafest – Festival do Café de Ibiraci reuniu mais de 40 estandes e de 60 marcas em sua segunda edição. A expectativa de negócios das companhias atingiu R$26 milhões de reais durante o evento. O festival trouxe, ainda, palestras e conteúdo especializado entre os dias 28 e 30 de setembro, na cidade mineira que faz parte da Região da Alta Mogiana.
O festival reuniu todos os elos da cadeia produtiva do café, incluindo especialistas da lavoura à comercialização e se firmou como referência nos eventos do segmento na região. “O Icafest foi o evento mais comentado nos meios de comunicação da região. Nesse momento, nossa fala é de gratidão a todos que participaram do evento, o público, os patrocinadores e expositores que acreditaram e vieram fazer o Icafest já ser considerado um dos principais eventos em cafeicultura especial do interior do Brasil”, afirmou o prefeito do município, Ismael Silva Cândido, no encerramento do festival.
Ibiraci é um dos municípios que passaram a integrar a Região da Alta Mogiana mais recentemente. “Mesmo quem não produz café, depende da movimentação cafeeira em qualquer atividade que esteja. Todos nós estamos diretamente ligados ao café”, afirmou Cândido durante o evento.
O presidente e o vice-presidente da Alta Mogiana Specialty Coffees (AMSC), Edgard Bressani e André Cunha, respectivamente, também acompanharam o evento. Em sua passagem, Bressani lembrou a importância do setor. “O café requer muito trabalho. Seja no especial ou commodity, a exigência é alta. É importante que caminhemos juntos”, apontou ele.
“Eu vejo que o trabalho da Associação junto a outras instituições vai trazer melhores momentos para a cafeicultura da Alta Mogiana. Isso inclui ter o reconhecimento no mundo dos cafés e trazer a agregação de valor ao produto. Não só é falar que faz café especial, mas também colocar o café no mercado com valor agregado”, acrescentou Cunha.
Conteúdo e atividades
O primeiro dia de evento contou com palestras de especialistas como o engenheiro agrônomo Marcelo Jordão, pesquisador da Fundação Procafé. Ele falou sobre Manejo da Lavoura para as condições no município e, entre os desafios e questões que citou, Jordão falou de variedades e de mudanças climáticas na prática. “Hoje em dia um dos principais desafios é a seca. Se antes não se falava em irrigação em Ibiraci, hoje em dia precisamos repensar isso”, pontuou ele.
Outras atividades foram o painel do Banco do Brasil do projeto Mulheres no Topo, que reuniu produtoras para contar suas histórias e teve coordenação da gerente de Relacionamento da agência do Banco do Brasil de Ibiraci, Geralda Matos. Já a especialista em cafés, Mariana Proença, coordenou uma dinâmica do café nas garrafas, trazendo bebidas da região para o público provar.
Já no segundo dia de festival, aconteceram palestras de experts em mercado, como Danilo Pucci e Saulo Carvalho, que falaram sobre certificação. Eles abordaram temas como a sustentabilidade já exigida através de leis como a aprovada recentemente na Europa e que faz uma série de exigências para os produtores e fornecedores que querem vender ao continente. “Quem faz as promessas, vai pagar o ágio por isso. Então, o ideal é que os produtores brasileiros se adequem, porque somos os mais preparados globalmente, então poderemos receber o valor por isso”, disse Pucci. Da mesma forma pensa Saulo Carvalho. “O mercado é assim, ele muda. a lei veio, vai vir forte, mas o diálogo vai prevalecer. E o Brasil está melhor preparado para isso”, apontou.
Já no debate sobre precificação, a palavra de ordem foi ‘storytelling’. O termo define a importância do produtor e vendedor aprender a contar sua história para valorizar seu produto. Essa é uma das estratégias da Expocacer, Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado. Os produtores ali foram pioneiros em definir uma identidade para a região e contar essa história aos compradores. “Desde o início, acreditamos no potencial dos nossos produtores. Fomos adiante e dizemos as primeiras exportações, com uma performance mais tímida. Hoje, acredito que vivemos outros momentos. Contamos com um volume bem mais ousado em termos de exportação”, revelou Sandra Moraes, gerente de Cafés Especiais na Expocacer.
“Se eu posso dizer uma coisa para vocês é: se conheçam, conheçam seu produto, e contem essa história para conseguir agregar preço e valor ao seu produto. Assim, a bolsa de valores pode ser um balizador, mas você pode conseguir parceiros lá fora que queiram pagar mais pelo seu café”, apontou Gabriel Lancha, produtor na Fazenda Labareda. A programação de sexta-feira contou, ainda, com o engenheiro agrônomo Felipe Santinato, que falou sobre o potencial de novas cultivares de café em diferentes regiões do Brasil.
O último dia de festival foi recheado de artes sobre a cultura do café. Os trabalhos foram feitos por alunos de escolas locais, que receberam premiações no palco do Icafest. O projeto envolveu uma parceria entre a Prefeitura de Ibiraci e a Emater, para levar conhecimento sobre a produção e processos do grão à xícara aos estudantes.
A programação foi encerrada por apresentações como as da empresa JXO. A companhia de origem chinesa trabalha com maquinários de beneficiamento e está lançando no Brasil suas máquinas focadas em selecionar cafés verdes ou torrados e tem foco em cafés especiais. Já a Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), trouxe dados de sua área de atuação e anunciou que vai abrir uma filial na cidade de Ibiraci. A inauguração deve acontecer ainda este ano.
Durante os três dias de Icafest, aconteceu a fase de pré-seleção do 21° Concurso de Qualidade do Café da Alta Mogiana e do Concurso Mulheres do Café da Alta Mogiana. Em uma sala exclusiva, provadores profissionais de café selecionaram os cafés que irão seguir no certame deste ano.
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