Folclore em São Sebastião

Uma cidade festeira

O conjunto de festas, cantigas, danças e folguedos em geral, nascidos no seio das classes populares, é conhecido como arte folclórica. A Carta do Folclore Brasileiro, estabelecida por ocasião do I Congresso Brasileiro de Folclore em 1951, assinala que constitui fato folclórico as maneiras de pensar, sentir e agir de um povo, preservadas pela tradição popular. Entendida a Carta, podemos dizer que cada sociedade possui seus próprios elementos culturais. Em nossa visita a São Sebastião, vimos que a cidade vem preservando, de geração a geração, algumas dessas manifestações populares. Foi o que nos garantiu Reinaldo Joaquim de Santana, mais conhecido como Contrapino, “existe um núcleo de cultura tradicional regional que mantém grupos culturais já ativos e serve também para resgatar aqueles esquecidos pela população”. Assim, as características da arte folclórica sebastianense apresentam-se em forma de: Congada, Capoeira Angolana, Caiapó, Canoa de Voga e Carnaval.

 

Na onda do berimbau

Outro bom exemplo de arte folclórica trazida pelos escravos é a capoeira angolana. A capoeira angolana destaca-se por ter muita ginga e pouca movimentação. Ao som dos instrumentos, os participantes se limitam a procurar a defesa para atacar o outro na hora certa. O mestre Domingos, praticante de capoeira há mais de 20 anos, que foi o precursor da capoeira angolana em São Sebastião, comenta que a capoeira foi criada pelos escravos como defesa pessoal. Como não podiam praticar luta na senzala, sempre quando chegavam seus senhores, os negros faziam um movimento como se estivessem dançando para não suspeitarem da armadilha que os esperavam.

Toda aula de capoeira é dada em uma roda, na qual dois oponentes se enfrentam ao som de berimbau, atabaque e pandeiro. Existe também o canto, entoado pelos outros participantes da roda, que também vão para o centro em troca sucessiva. “Vou dizer ao meu senhor que a manteiga derramou… a manteiga não é minha, a manteiga do senhor… vou dizer ao meu senhor que a manteiga derramou… a manteiga não é minha, a manteiga é de Iaiá… vou dizer ao meu senhor que a manteiga derramou… a manteiga não é minha , é da filha do senhor”, a música sempre em sintonia com os movimentos, diz o Mestre Domingos. A Capoeira é a única modalidade de luta que se faz acompanhada por instrumentos musicais.

Curiosidade – alguns participantes batem três vezes as palmas das mãos no chão em sinal de pedir a benção para incorporar a religião em seus movimentos.

 

Caiapó

A prefeitura de São Sebastião trabalha no resgate de muitos movimentos culturais, atualmente esperam celebrar o tombamento do Caiapó (também de origem africana), do bairro Pontal da Cruz. Segundo relato de Contrapino, no período colonial, os negros se vestiam como índios e dançavam, para expressar sua revolta contra os senhores portugueses, que os aprisionavam.

Caiapós ou Caiapó – são denominações com que o caiapó aparece entre nós. Folguedo com temática indianista, calcada, sobretudo, na visão de um “índio idealizado”, acontece durante o ano todo nos diversos ciclos culturais, em especial no carnaval. Em festas dos santos padroeiros e de devoção popular, segue em cortejo pelas ruas das cidades, com paradas para dramatizações esquemáticas.”

Fonte: www.brazilsite.com.br/historia/introd/master.htm

 

Congada

A Festa da Congada de São Benedito é realizada em São Sebastião, anualmente, entre os dias primeiro e oito de outubro. Os vereadores aprovaram, em 2009, o Projeto de Lei 118/09, que institui a Semana do Congadeiro. O objetivo é resgatar e propagar o folclore e a história da Congada que teve sua origem em décadas passadas no bairro São Francisco.

Congada de São Benedito

Congos ou Congadas são folguedos que comumente aparecem na forma de cortejos, onde os participantes cantam e dançam, em festas religiosas ou profanas e homenageiam, de forma especial, São Benedito (padroeiro dos negros). Para os escravos que vieram para o território brasileiro no século XVII e XVIII, era de suma importância comemorar o dia de São Benedito, pois, pela identificação com a cor do santo, os negros poderiam manifestar sua fé.

Há congos com grande quantidade de caixas, com chapéus de fitas, com manejos de bastões e espadas (alguns grupos exibem exemplares dos Exércitos dos tempos do Império e início da República). Em São Sebastião, os grupos de congos se vestem de azul (representa o filho que se rebelou) e vermelho (representa o poder), possui um rei, e seu filho que se rebela contra o pai, depois de um tempo se arrepende e pede perdão para o rei, além de ter a vassalagem envolvendo parte dramática, com embaixadas e lutas. É uma das mais completas congadas do Litoral Norte.

 

Advento do transporte

A intenção da Secretaria de Turismo é que a Canoa de Voga seja resgatada para garantir a cultura tradicional da região.

A importância da Canoa de Voga pode ser destacada por uma razão principal, a maior parte da produção agrícola e da cachaça era transportada por esse tipo de embarcação. A canoa era impulsionada por vários remadores, movida por uma vela. Chegava demorar uma semana para ir e voltar de Santos.

“A população sebastianense, até a década de 30, se utilizou principalmente da via marítima como meio de transporte, tanto de mercadorias como de pessoas. O transporte através de canoas é uma tradição no município, herança da cultura indígena, que foi sendo aprimorada com a chegada dos portugueses no século XVI. Elas foram aos poucos sofrendo modificações de acordo com a necessidade dos caiçaras. No início eram simples, utilizavam-se apenas do remo, mais tarde, devido à crise econômica pela qual passava São Sebastião, a população passou a viver principalmente da pesca artesanal e do transporte de mercadorias para Santos, de onde traziam o querosene.

Surgiram então as canoas de voga, largas, compridas, talhadas em um só tronco, movidas à vela. Após a construção e funcionamento do porto nas décadas de 30/40, o transporte foi sendo aperfeiçoado, com a utilização de barcos a vapor. Paralelamente ao transporte feito por mar, haviam as trilhas, também utilizadas pelos índios para caça, pesca e conquista de território. Entre as mais utilizadas estavam a do Rio Grande e do Ribeirão do Itu, em Boiçucanga. A partir do século XVII, as antigas trilhas indígenas foram ocupadas por tropas, permitindo a circulação de mercadorias.”

Fonte:  www.saosebastiao.tur.br/historia-transportes-em-sao-sebastiao.html

 

Carnaval

A origem da festa carnavalesca está coberta de mistérios e polêmicas. Alguns historiados acreditam que ela teria surgido nos rituais agrários na Grécia Antiga. Dez mil anos antes de Cristo, homens, mulheres e crianças se reuniam no verão com os rostos mascarados e os corpos pintados para espantar demônios da má colheita. Já para outros, seu início teria acontecido no Antigo Egito ou na civilização Greco-Romana. No entanto, os primeiros relatos sobre a festa surgem nos primeiros séculos da Era Cristã, no período da Quaresma, pois o carnaval é propriamente a noite antes da quarta-feira de cinzas.

O carnaval de São Sebastião se destaca pelos bailes populares com suas marchinhas, os blocos nas ruas da praia e as quatro escolas de samba que desfilam tradicionalmente no domingo de carnaval. O carnaval de São Sebastião tem um samba de altíssimo nível que se profissionalizou. Atualmente, atrai centenas de embarcações no canal de São Sebastião e milhares de pessoas na Praia do Arrastão, onde ocorre a saída e a chegada dos barcos.

No Brasil, o carnaval foi trazido por influência dos colonizadores portugueses, vindos da Ilha da Madeira, Açores e Cabo Verde, que trouxeram a brincadeira de loucas correrias, mela-mela de farinha, água com limão, no ano de 1723, surgindo depois a batalha de confetes e serpentinas.

“Havia blocos que desfilavam nas ruas, com uma bandeira na frente em que as pessoas iam colocando dinheiro. Tinha corta-jaca, que era um homem que ia dançando e cantando versos, tinha caiapó e a dança da fita, que vinha de Ilhabela. No mês de janeiro, para terror das crianças pequenas, começavam os mascarados. Os mascarados eram os moleques que andavam em grandes grupos, vestidos com roupas velhas e tapavam a cabeça com um pano onde faziam buracos para os olhos e a boca. Eles usavam um cabo de vassoura ou um pedaço de pau e ameaçavam as crianças. Se a gente estava na rua brincando e avistava os mascarados, saíamos correndo de medo. Era divertido… só para eles. Toda noite era a mesma coisa até chegar o carnaval.”

Fonte: Livro – “São Sebastião do meu tempo de menina” – Neide Palumbo

 

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