O folclore em Ubatuba, passado de gerações a gerações, ajuda a definir a identidade da cidade. De pais para filhos, perpetuando um ritual ou uma representação de um dado momento histórico, tornam-se parte integrante da comunidade e representam-na de modo significativo.
Congada – originária do Congo (África), a Congada é uma celebração de cortejo de reis do Brasil por meio dos escravos e aqui se adaptou aos cultos católicos. Essa dança mantém uma separação em duas partes: o cortejo real, quando se cantam as cantigas, e a embaixada, a parte dramática com personagens e enredo. Ou seja, uma luta simbólica entre um princípio benéfico e outro maléfico. Existe também a versão da Congada como uma celebração à Abolição da Escravatura. É uma luta entre os senhores de engenho, representados pela cor vermelha, e os escravos, representados pela cor azul. A rainha representa a Princesa Isabel.
De origem incerta, Moçambique é uma dança folclórica constituída por um cortejo que percorre as ruas dançando e cantando. E acompanhados por instrumentos de percussão, de corda e guizos presos aos tornozelos.
Seu nome remete à cultura africana, porém sua execução lembra a dança dos Pauliteiros de Miranda, tradicional no nordeste de Portugal. Teria chegado ao Brasil durante a colonização também como uma maneira de catequização, já que os cantos são louvações religiosas, principalmente a São Benedito.
As danças possuem nomes religiosos, como Escada de São Benedito e Estrela da Guia. Suas coreografias são realizadas com bastões de madeira, utilizando instrumentos como o tarol (caixinha de guerra), reco-recos, pandeiros, rabecas, tamborins e violas. Na década de 1940, o espanhol Benigno Castro montou uma serraria para tratar a caxeta, espécie de madeira encontrada em grande quantidade na praia de Puruba. Logo depois levou-a à cidade de Santos, transportada pela lancha Santense. O destino era uma fábrica de lápis.
Os trabalhadores da serraria vieram de Cunha para morar em ranchos. Assim que chegaram fizeram amizade com os residentes de Puruba e ensinaram a eles a famosa Congada. Curiosos, os habitantes naturais iam até Cunha para conhecer as danças e aprenderam também o Moçambique. Empolgaram-se tanto que trouxeram essas tradições para a praia do Puruba.
Os pioneiros na Congada, do Folclore em Ubatuba, foram Ditinho Alves, Basílio Alves, Guilherme Pedro dos Santos, Marcolino Fernandes e Francisco Paulo Fernandes de Cristo. Essa tradição teve altos e baixos, com a morte de alguns integrantes. Mas em 1987, a Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba (FUNDART) retomou a Companhia da Congada de São Benedito do Sertão do Puruba. Afinal de forma sólida, essa manifestação com apresentações não ficou apenas no município, expandindo-se também para outras localidades. O Moçambique, por sua vez, sempre esteve presente, composto agora pelos purubanos.
Tradição carnavalesca, trazida pelo maranhense Sr. Carlinhos, está presente desde a década de 1930. Uma adaptação do Bumba-Meu-Boi, na qual o boi e os cavalinhos são confeccionados pelos próprios participantes.
Rainha de Portugal, Isabel, por volta do ano de 1300, mandou construir a Igreja do Divino Espírito Santo, em Alenquer. Para comemorar a obra, surgiu a Romaria ou Folia do Divino. Trazida para o Brasil pelos colonizadores portugueses, essa tradição perdura até os dias de hoje. Segundo o caiçara Sr. Ozório Antonio de Oliveira, nascido em 10 de fevereiro de 1899 em Pomirim, seu avô já cantarolava as canções que tinha aprendido com seu bisavô. Ou seja, fazendo os cálculos, essa tradição está viva no folclore em Ubatuba há mais de 200 anos. Todas as casas faziam comidas típicas, como peixada, biju, farinha e doces. A Festa era um momento de pagar promessas e pedir outras graças. Um fato pitoresco é a ocorrência dos “espias”, homens que ficavam em lugares altos para ver a chegada da Romaria, recepcionando- a com rojões.
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