“Hoje, é importante resgatar as histórias que foram invisibilizadas no nosso país por uma questão política ou por falta de informação. E, em especial, é fundamental evidenciar as mulheres apagadas. Quando falamos de Brasil Império, falamos de uma época em que mais da metade da população era composta por mulheres. Onde elas estavam nos momentos relevantes? A Condessa de Barral se insere nesse contexto”, explica Ana Cristina Francisco, especialista em sua trajetória.
No dia 11 de novembro, das 11h às 13h, a Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, que está localizada no bairro do Morumbi, em São Paulo (SP), realizará o quarto encontro da série “As Mulheres na Fundação Maria Luisa e Oscar Americano”, sobre a Condessa de Barral.
O evento da Fundação Maria Luisa e Oscar Americano contará com a presença de Ana Cristina, presidente do Instituto Histórico de Petrópolis (IHP) e professora de Políticas Públicas da Educação na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Além de já ter publicado artigos e defendido até uma tese sobre essa figura histórica, a professora está trabalhando em uma biografia sobre a Condessa de Barral.
Esse bate-papo fechará o Ciclo de Palestras sobre História do Brasil da Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, que foi acompanhado por uma exposição sobre mulheres importantes para a constituição sociocultural do nosso país, como as Princesas Isabel e Leopoldina e a Imperatriz d. Amélia. Inclusive, há duas pinturas que retratam a Condessa de Barral na instituição, peças raras que só existem ali, além de vários objetos que pertenceram às princesas e à Imperatriz.
Quando perguntado sobre a importância do Ciclo de Palestras sobre História do Brasil, Paulo Rezzutti, curador da série, explica que é evidenciar as figuras que fazem parte da nossa história. “Quanto mais se discute esses temas, mais se entende o Brasil e suas personagens, e mais se desfazem muitos mitos. Principalmente nesse caso, em que evidenciamos as mulheres que participaram da nossa história e que, comumente, são apagadas e esquecidas. Esse ciclo veio para ressignificar o lugar delas na nossa trajetória”, adiciona Rezzutti.
Condessa de Barral
Nascida em Santo Amaro (BA), Luísa Margarida de Barros Portugal (1816-1891), conhecida como Condessa do Barral, é considerada por muitos, até hoje, o grande amor de Dom Pedro II. Luísa casou-se com o sobrinho de Napoleão Bonaparte, o Conde de Barral, em 1837, e passou a integrar a corte do Rei Luís Filipe I. Ela voltou ao Brasil em 1856, com a missão de educar as princesas imperiais, Isabel e Leopoldina, por influência de sua amiga Dona Francisca de Bragança, irmã de Dom Pedro II.
É comum a associação imediata da Condessa de Barral com Dom Pedro II, devido às especulações sobre seu relacionamento. Porém, sua importância vai muito além, a figura nobre educou as princesas imperiais e teve até seu papel numa data histórica importante para o Brasil.
Em 15 de novembro de 1889, aconteceu a Proclamação da República, que, este ano, completa 134 anos. A data marca o fim da monarquia no país, que foi resultado da articulação entre militares e civis insatisfeitos com o imperador e com o sistema político vigente na época.
Rezzutti explica que a Condessa de Barral estava afastada da corte brasileira na época da Proclamação da República, pois estava morando na Europa, mas isso não diminui o seu valor em relação ao acontecimento:
“Na biografia que escrevi sobre Dom Pedro ll [D. Pedro II – A história não contada], relato o que aconteceu logo após o 15 de novembro. O marido da Princesa Isabel, Conde d’Eu, escreve para a Condessa de Barral na ocasião. Eles são mantidos prisioneiros no Paço Imperial, antes de serem expulsos do Brasil, e o Conde d’Eu vai relatando hora a hora o que está acontecendo. E, hoje, um dos poucos documentos que temos a respeito dos acontecimentos dentro do Paço Imperial, durante o golpe que depôs o império, é uma carta destinada à Condessa de Barral”, completa Rezzutti.
Ana Cristina aponta que todos os livros sobre a Condessa de Barral, publicados até o início do século 21, falam da perspectiva de seu possível romance com o Imperador. “É uma mulher que se destaca porque teve um provável romance, sendo que ela tem um papel muito mais importante. Na época, a educação de elite se dava dentro de casa e com um foco nos meninos, além de, no Brasil, as preceptoras serem alemãs, inglesas e francesas. E estamos falando de uma mulher brasileira, de enorme cultura, que educou aquelas que deveriam suceder o trono”, completa.
Fundação Maria Luisa e Oscar Americano
Criada em 1974, dois anos após o falecimento de Maria Luisa, a instituição é uma contribuição de Oscar Americano à capital do estado. Além da casa em que viveram com os filhos durante 20 anos, a coleção de obras de arte e o extenso parque também foram disponibilizados para a cultura e o lazer dos moradores da cidade de São Paulo.
Hoje, essa fundação artístico-cultural oferece ao público visitas guiadas, concertos, exposições, um exuberante parque de 75 mil metros quadrados e várias atividades culturais, além de um acervo permanente único e extremamente expressivo, focado na história do nosso país e nas diversas fases que constituem o Brasil. A Fundação Maria Luisa e Oscar Americano tem como missão a preservação de seu acervo, a promoção da cultura e das artes e o acesso público a este patrimônio.
SERVIÇO
As mulheres na Fundação Maria Luisa e Oscar Americano – Condessa de Barral
Dia 11/11, das 11h às 13h
Ingressos pelo site da Sympla
Av. Morumbi, 4077 – São Paulo (SP)
Estacionamento com valete, no valor de R$ 20,00
(11) 3742-0077
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