Nada acontece se não estivermos dispostos a lutar pelo nosso ideal e melhorar nossas condições de vida. Inspirados por essa filosofia, os colonizadores que aqui chegaram, desde a armada de Martim Afonso de Sousa pelos idos de 1532, lutaram bravamente contra todos os obstáculos impostos pelo novo território a ser conquistado. Nada fácil para quem chegava do mundo civilizado. Aqui, os índios, com características tão opostas às dos novos moradores, eram como verdadeiros animais selvagens. Não havia nada que sequer lembrasse o continente europeu. Apenas florestas cheias de feras, mosquitos transmissores de doenças tropicais e uma imensidão de terras.
Índios e bandeirantes
Com os constantes ataques dos índios às vilas do planalto paulista e a falta de mão de obra nos engenhos de cana-de-açúcar do litoral, teve início uma nova fase de conquistas rumo ao interior: o bandeirismo de aprisionamento de índios. Inicialmente com João Ramalho, o vale do Paraíba começou a ser desbravado pelos colonizadores do litoral. Mais tarde, vieram João Pereira de Souza Botafogo, André de Leão, Martim Corrêa de Sá, Fernão Dias Paes, Lourenço Castanho Taque, o Velho (o primeiro a descobrir ouro no Brasil), entre outros que encontraram várias tribos indígenas pelo caminho. Não se sabe ao certo os nomes das tribos indígenas da região do vale do Paraíba, apenas que mantinham intercâmbio com os tamoios de Paraty. Porém os nomes de locais como Jacareí, Caçapava, Taubaté, Pindamonhangaba, Guaratinguetá, Paraíba, Paraitinga, Paraibuna, Una, Piagui, Tiratingui, Buquira, Mantiqueira, Bocaina, e outros tantos, sugerem que a presença indígena era predominante. Muitos índios foram aprisionados e levados para os engenhos, compondo a força motriz da precária economia da época.
Em 1628, o bandeirante Jacques Félix recebeu de Maria de Sousa Guerra, Condessa de Vimieiro, neta de Martin Afonso de Sousa e donatária da Capitania de Itanhaém, terras entre Pindamonhangaba e Tremembé. Em 1636, Jacques Félix recebe permissão para entrar no sertão de Taubaté, onde deu início a um povoado chamado Vila de São Francisco de Chagas de Taubaté, em 1645. Essa vila, fundada por volta de 1680 pelo jesuíta Manuel de Leão, foi o passo inicial para o povoamento do vale do Paraíba e seu solo fértil atraiu muitos colonos. Terras foram distribuídas, vilas se formaram, roças foram abertas e as atividades começaram a se desenvolver. Em 1759, a vila foi elevada a aldeia, agora denominada São José da Paraíba.
O início foi muito duro para os colonos, pois, apesar da fertilidade do solo, o isolamento era um obstáculo a qualquer atividade que não fosse a de subsistência. Foram anos de adaptação ao meio em que se encontravam, recebendo muitas influências dos índios, principalmente na alimentação. Com utensílios extremamente rudimentares, ainda assim fabricavam açúcar, farinha, fubá, melado e aguardente. Nesse isolamento, as festas religiosas eram o ápice da vida social. Nascimentos, mortes e disputas de pendências também ajudavam a quebrar a rotina.
Para sair desse isolamento, não só das vilas do vale do Paraíba, como também em relação à cidade de São Paulo, só havia um jeito: explorar os territórios em busca de algo que transformasse o marasmo econômico em que viviam. Os homens destemidos que tomaram a decisão de deixar suas casas e seus familiares para partir em uma viagem, talvez sem volta, foram chamados de bandeirantes e receberam esse nome em razão do costume tupiniquim de levantar uma bandeira em sinal de guerra.
Em 1693, Borba Gato e o taubateano Antônio Rodrigues Arzão encontraram ouro em Minas Gerais, depois de passarem pela Serra da Mantiqueira e atravessarem os rios das Velhas e da Morte.
O ponto de partida para as expedições rumo ao sertão dos Cataguases, do outro lado da Mantiqueira, era a Vila de Taubaté que, em 1695, foi instalada a mando do governador-geral do Rio de Janeiro, Dom César Antônio Paes de Sande. O caminho até as minas de ouro demorava dois meses e meio a ser percorrido até Lorena para depois alcançar a Garganta do Embaú. Quando chamamos esse período de a “Febre do Ouro” não é à toa, pois uma verdadeira multidão foi atrás da preciosidade, dando ensejo a vários episódios de triste lembrança, como a Guerra dos Emboabas.
Então, o caminho da Mantiqueira era intensamente percorrido por inúmeras pessoas provenientes de todas as regiões, inclusive portugueses que desembarcavam em busca do metal valioso. Os vales paraibanos conquistaram um robusto patamar econômico, pois, além de exploradores das minas e provedores de alimentos e mercadorias aos viajantes, também fundaram Ouro Preto, Mariana, Caetés, São João Del Rey (Tiradentes), entre outros povoados.
Com o declínio da exploração do ouro, em meados do século XVIII, o Vale do Paraíba teve de reinventar sua economia com a cultura da cana-de-açúcar. Lorena e Pindamonhangaba instalaram os engenhos onde utilizavam mão de obra escrava. Com a exportação do produto pelos portos de Paraty, São Sebastião e Ubatuba, surgiram novas personalidades e profissões, como o senhor de engenho, e artesãos, tropeiros, ferreiros, carpinteiros, seleiros, cangalheiros, tecelões e fiandeiras.
Em 1836, o café, vindo do Rio de Janeiro e tendo encontrado solo propício, já dominava as paisagens do vale do Paraíba, alcançando uma produção exportadora. As décadas de 1850 e 1860 registraram o ápice da produção, chegando a incríveis 2.730.000 arrobas, o que tornou a região a mais produtiva da Província de São Paulo e do Brasil Império. Surgiram então a casa-grande, a senzala, as tulhas, os tanques e tudo o mais que era necessário ao cultivo e à exportação do café.
As matas foram derrubadas e migrantes mineiros ultrapassaram a Mantiqueira para se fixaram nas lavouras do ouro negro. Saíram de cena os senhores de engenho e apareceram os Barões do Café. Uma elite poderosa que fez das vilas um cenário majestoso e riquíssimo, com materiais importados da França e da Itália, em uma demonstração de poder soberano. A população aumentou, principalmente pela quantidade de escravos necessários a todas as atividades. Em 1886, o vale do Paraíba chegou a ter mais de 300 mil habitantes.
Com a decadência dos engenhos nordestinos, os escravos eram vendidos nessa região, principalmente depois da Lei Eusébio de Queiroz, em 1850. Um dado incrível é que, na época da abolição da escravatura, em 1888, 75% da mão de obra escrava no Brasil estava concentrada no vale do Paraíba, nas fazendas de café. A decadência começou a partir de 1870 com o esgotamento do solo, a falta de novas tecnologias, erosões, endividamentos progressivos dos produtores e a expansão do ouro negro no Oeste paulista, situação que perdurou até 1920.
O declínio do café levou o leite a se destacar na economia valeparaibana, principalmente pelo concurso dos mineiros que compraram várias fazendas de café arruinadas e implantaram a pecuária de leite. Até 1960, essa atividade foi a grande impulsionadora econômica da região, favorecida por vários incrementos na produção com usinas de beneficiamento e vendas substanciais para os mercados de São Paulo e Rio de Janeiro.
Com a expansão da economia leiteira, pequenas propriedades foram adquiridas para pasto e criou-se então um contingente rural que migrou para os novos centros, transformando em definitivo as paisagens rurais e urbanas. O segmento de prestação de serviços se ampliou e a chegada de indústrias básicas passou a absorver toda a mão de obra. Com isso, apareceram outros elementos na paisagem urbana, voltados ao lazer das novas levas de trabalhadores, como bosques, pontes e coretos.
Muito tempo transcorreu desde a chegada dos primeiros bandeirantes ao vale do Paraíba. Muitas histórias de superação e pioneirismo transformaram essa região. Surgiu, depois, uma nova fase: a do turismo consciente. E é nessa atual conjuntura que o Circuito Mantiqueira brinda os visitantes com uma paisagem de tirar o fôlego, valorizando suas tradições e sua geografia maravilhosa. Dentro de uma nova visão de preservação, as terras que antes eram usadas somente para cultivo e extração, hoje exibem suas verdadeiras riquezas.
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