Igreja de Nossa Senhora do Rosário em Bragança

Foto André Prata

Por José Roberto Vasconcellos

Em janeiro de 1783, na Freguesia de Nossa Senhora do Jaguary, hoje Bragança Paulista, foi criada a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos e São Benedito, com aprovação de Frei Manuel da Ressurreição, 3º Bispo de São Paulo. É dessa época, em terras bragantinas, a devoção à Senhora do Rosário e São Benedito, quando os negros levantavam em oratórios um altar aos protetores dos humildes escravos.

Da primeira capela doméstica não há notícias. Registros da paróquia, lavrados no Livro do Tombo, documentam que a primeira igreja dedicada a Nossa Senhora do Rosário e São Benedito aqui foi construída em 1821 na esplanada existente no morro de acesso entre a várzea do Ribeirão do Lava-pés e a Igreja Matriz. À esplanada deu-se o nome de Largo do Rosário. Em 1872, a fachada do templo passou por reformas, surgindo um novo frontispício em estilo colonial. No campanário colocaram um sino de 150 kg doado pelos Irmãos da Irmandade. Esse sino o vigário Pe. Leornado Gioille benzeu solenemente na data de 15 de setembro de 1903.

Criação da Irmandade

Após o decreto da Lei Áurea em 13 de maio de 1888, a instituição teve alterada sua denominação, passando a se chamar Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. Em 8 de abril de 1913 – vinte e cinco anos após a Lei Áurea –, Dom Duarte Leopoldo da Silva, Bispo da Província Eclesiástica de São Paulo, à qual pertencia Bragança, aprovou o Compromisso de Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, a qual veio substituir a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Ao final da década de 1920, percebe-se que a primeira capela levantada em estilo colonial apresentava enormes desgastes devido ao tempo.

Como o templo centenário se encontrava em precárias condições, Dom José Maurício da Rocha – primeiro Bispo da Diocese, em 1929 aprovou a demolição da velha igreja para a construção do templo definitivo no mesmo lugar. Em 10 de fevereiro daquele ano, o padre Álvaro de Lima, vigário cooperador da paróquia e assistente da Comissão Pró-Reconstrução da nova igreja, celebrou a última missa na velha Igreja do Rosário.

Nova igreja

O início da construção da nova igreja se deu em 1929 e foi projetada pelo renomado arquiteto da época Amador Cintra do Prado.  Os trabalhos foram entregues ao construtor Francisco Rodrigues de Gouvêa, e supervisionados pelo padre Álvaro de Lima.

Em 3 de maio de 1931, no templo ainda sem cobertura, Dom José Maurício celebrou a primeira missa. A igreja, quando concluída, ostentava duas grandes torres, encimadas cada com uma cruz, e a sua parte externa era toda em tijolo à vista. No interior do templo o piso é todo ladrilhado, ricos altares revestidos em mármore pérola ostentam belas imagens de seus santos padroeiros, e vitrais artísticos ofertados por famílias bragantinas e amigos de Bragança são peças que complementam o embelezamento da Igreja do Rosário.

A beleza interior da igreja apresenta uma rica, artística e soberba decoração, realizada na década de 1940 pelo pintor sacro Salvador Ligabue. A obra existente constitui verdadeiro e rico patrimônio artístico e religioso da cidade e da diocese bragantina.

As imagens

As belas imagens de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito, patronos da Igreja do Rosário, foram ofertadas em 1933 pelo casal Cel. Afonso Olegário Ferreira e Maria Salomé Leme Ferreira e pelos membros da Confraria de São Benedito. A imagem primitiva de Nossa Senhora do Rosário está exposta em nicho próprio na sacristia da Igreja. Os ricos vitrais foram ofertados por paroquianos e associações religiosas. Duas majestosas torres de 41 metros ostentam um relógio e o campanário com três sinos de notas Sol, Si e Ré, que se chamam: Nossa Senhora do Rosário, Santo Antônio e São Benedito, conforme inscrições em cada uma.

Esses sinos foram ofertados pelo casal Alfredo Farhat, ele na época deputado estadual. Era capelão da igreja o Mons. José Batista Mascaretti. Em 1980, era Bispo Diocesano Dom Antonio Pedro Misiara. A Capela do Santíssimo tinha como adorno a Gruta de Nossa Senhora de Lourdes, moldada com lona imitando pedra natural. Esse material, apresentando deterioração pelo tempo e presença de cupim, fez com que o local fosse totalmente modificado, quando surgiu nova Capela com afrescos e quadros pintados pelo artista sacro Bruno de Giusti.

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