Todos nós sabemos dos acontecimentos históricos que envolveram a raça indígena no Brasil. Mas muitas vezes esses nobres legitimamente brasileiros foram caracterizados como pessoas indolentes e incivilizadas. Um erro absurdo, que atualmente pessoas envolvidas em sua causa tentam desmistificar. E é fácil detectar isso, pois com apenas uma visita e um parco convívio, pudemos observar a consciência ambiental que eles possuem e que o homem branco busca hoje incansavelmente aprender.
(Tekoa Ñabdeva ‘eYuy Marãeyre)
Os índios brasileiros foram divididos de acordo com o tronco linguístico: tupi-guarani no litoral; macro-jê ou tapuias na região do Planalto Central; aruaques e caraíbas na Amazônia.
Na década de 1960, chegaram os índios guaranis, que estavam se deslocando desde o Paraguai. As terras onde habitam foram devidamente oficializadas e possuem 801 hectares.
Em busca da terra sagrada, os índios guaranis rumaram ao litoral. Segundo os antigos pajés, a terra teve uma segunda fase, que teria acabado em água (dilúvio). Porém, antes desse acontecimento, um índio atravessou o oceano e encontrou o paraíso que pode ser imaginário, uma energia ou algum lugar concreto onde os costumes são cultivados (ñande reko – nossos costumes) e só o bem prevalece. Por isso, pode ser uma terra que procuram ou, quem sabe, já habitam, pois acreditam que quanto mais próximos do mar, mais perto estão da terra prometida.
Os índios guarani originaram-se no Paraguai e Argentina, instalando-se ao sul do nosso país. Porém, foram os nativos da Aldeia Rio Branco, em Itanhaém, os primeiros habitantes da Tekoa Ñabdeva’e (Aldeia Boa Vista), há trinta anos. Localiza-se a aproximadamente 2,3 Km da rodovia BR 101, no bairro do Prumirim, sendo 1,5 Km de estrada de terra até a escola da tribo. Depois segue-se uma trilha de 800m.
A aldeia segue seu cotidiano sem muitas surpresas. Porém, sempre atenta ao que seu Deus Ñanderu, o criador da terra, seus seres habitantes e do universo tem a lhes falar através de seus anjos protetores (os elementos que a terra manifesta) ou através das premonições do Pajé.
A aldeia de Ubatuba é liderada pelo cacique Marcos Tupã, desde 1993. É ele quem se responsabiliza por todo e qualquer ato da tribo. Marcos diz que toda a força de uma aldeia prospera da casa de reza, ela é o tronco de tudo. É onde o pajé, Sr. Marcelino ou Ñamando (Pequeno Sol), se reúne com o cacique Tupã (trovão), junto aos conselheiros para traçar as diretrizes da aldeia. Por exemplo: todo ano eles decidem juntos o que vão plantar e a função que cada um vai exercer. Primeiro decidem as responsabilidades dos homens e depois as das mulheres.
Toda esta organização é em função de uma importante festa que acontece de dezembro a fevereiro, na qual todas as aldeias guaranis participam visitando-se entre si, para o batizado das crianças nascidas no decorrer do ano.
Após três noites de recolhimento na casa de reza, os pajés e os homens da aldeia fumam o cachimbo da paz e na última noite, por volta das quatro horas da manhã, saem juntos com o pajé para este dar os nomes guaranis às crianças. Na festa também é comemorada a boa colheita do ano anterior. O festejo é cultuado com bebidas e comidas sagradas.
Quando tem alguém enfermo na aldeia, todos vão para a casa de reza e aguardam uma resposta do Deus-trovão (Tupã) que, quando responde, é um sinal de que coisas boas vão acontecer, seja um retorno físico ou espiritual. Também se baseiam na resposta da mata, rios, animais, vento, de toda a natureza!
Boa Vista não recebeu este nome por acaso, pois a vista que oferece aos olhos é de inigualável beleza. É com este panorama que as crianças da Aldeia recebem aulas na escola indígena Tembiguai (mensageiro), mantida pela prefeitura, onde os alunos de 1ª e 2ª séries aprendem sua língua de origem, o guarani-mbya e os de 3ª e 4ª séries recebem aulas em português.
Através de Marcos Siqueira, da Funai, junto ao projeto Tamar, os espaços comunitários da aldeia (escola, farmácia e casa de reza) contam com a energia solar.
Índio, íntegro a seu planeta; na simplicidade, o primor de saber viver!!
Quem quiser vivenciar o cotidiano da aldeia Boa Vista, ver como surgem através de trançados lindos cestos, apreciar o som primitivo de nossos ancestrais, ou vivenciar uma língua para nós desconhecida, pode entrar em contato com a Fundart (12) 3832-7732 ou Cx. Postal 149 – Ubatuba/SP. CEP: 11680-000 a/c de Marcos Tupã.
Há’e Vete (muito obrigada)!
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