A lenda do Boi Falô, assim como a maioria de outras lendas, possui várias versões. Quem conta um conto, aumenta um ponto. A versão mais popular dessa lenda é:
“Na fazenda Santa Genebra, cujo dono era o Barão Geraldo Ribeiro de Souza Rezende, na Sexta-feira Santa de 1888, um dos escravos da lida da cana e do açúcar teve de ir ao pasto atrelar um boi para o arado.
Toninho era miúdo, porém obediente, e foi enfrentar o animal que estava descansando sob a sombra de uma árvore. O boi não queria nada com nada. Depois de muita insistência de Toninho, o boi mugiu alto e disse: “Hoje é dia santo, é dia do Senhor, não é dia de trabalho”.
O escravo saiu correndo para a sede da fazenda, gritando: “O boi falô, o boi falô!”. Apesar de não ter cumprido a tarefa, o escravo não foi castigado. E relatou o fato ao Barão, que concordou com o boi, e ninguém mais trabalhou nesse dia.
Com o fato, Toninho passou a trabalhar nas tarefas da casa do Barão. E parece que viraram bons companheiros, pois ele foi enterrado junto ao túmulo do Barão, no Cemitério da Saudade. No Dia de Finados, Toninho é muito visitado por graças concedidas à população. Há quinze anos existe a Festa do Boi Falô que mantém viva a lenda por meio de encenações do acontecimento de 1888, no Distrito de Barão Geraldo”.
A segunda versão é considerada mais fiel a tradição dessa lenda:
“Numa sexta-feira da Paixão, um capataz da fazenda Santa Genebra pediu a um caboclo, escravo ou empregado (cada um fala de um jeito) que fosse buscar uns bois que ficaram deitados no Capão do Boi. O escravo ou empregado foi até o Capão do Boi (em uma versão era um adolescente que levou seu cachorro junto) com uma vara e, lá chegando, começou a tocar os bois. Com a insistência, um dos bois falou: “Hoje não é dia de trabalhar! Hoje é dia de Nosso Sinhô Jesus Cristo!”. O rapaz assustadíssimo correu de volta para contar o fato ao capataz, que não acreditou. Depois de brigar com o caboclo, foi junto, a cavalo, até o Capão do Boi e o mandou tocar o boi. E, ao ser tocado, o boi novamente disse: “Hoje não é dia de trabalhar! Hoje é dia de Nosso Sinhô Jesus Cristo!”. Assustados, o capataz e o rapaz retornaram para a fazenda e o capataz decidiu ir para sua casa de onde não saiu mais aquele dia”
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