Lendas da Mantiqueira

As Lendas da Mantiqueira

Cachoeira dos Amores (São Bento do Sapucaí)

“Banhava-se nas águas, entre as matas da Mantiqueira, uma donzela muito bonita. Pele branca como neve, olhos que refletiam o azul do céu e cabelos cor de ouro. Ninguém sabia como ela chegara ali, mas só que despertara de um sono profundo. Morava numa cabana, alimentava-se de frutas e mel. Tinha medo de se afastar dali. Um dia percebeu que alguém se aproximava, um cavaleiro de pele queimada pelo sol, olhos negros, cabelos longos e pretos, caindo sob um chapelão de abas largas. Desceu do cavalo e foi saciar sua sede e nem viu a bela moça que se aproximou dele. Ele e ela se entreolharam.

Ela pegou suas mãos e cantou para ele em sua cabana. Ele adormeceu. Quando despertou ela acariciava seus cabelos, e ela o chamou de Rubalá, e ele a chamou de Cabelo de Sol. Viveram muito felizes, até uma noite em que as águas do rio se avolumaram e transbordaram, levando tudo que encontravam, inclusive Rubalá. Cabelo de Sol tentou segurá-lo, mas não conseguiu. Ela chorou tanto e por tanto tempo que suas lágrimas cavaram profundos sulcos naquelas pedras. Numa noite de nevoeiro ela desapareceu, ficando apenas suas lágrimas rolando pelas pedras. Os soluços misturados com as lágrimas dela formaram a cachoeira que desce barulhenta. Desde então, todos passaram a chamá-la de Cachoeira dos Amores, onde a alma dos dois vive nas suas águas.” (Fonte: www.camarasbs.sp.gov.br/folclore)

Cachoeira dos Ouros – (Campos do Jordão)

Essa lenda se passa no Bairro do Amaral, na Fazenda do Horto Florestal, segundo a professora Gracy De Vito Amary: “No tempo em que morei naquele bairro, vi por diversas vezes, em certas noites de lua, daquelas bem claras, a Mãe do Ouro, de um alto para outro. Ela possuía o tamanho de uma pessoa, não se sabendo se era homem ou mulher. Passava de um lado para o outro. Não somente eu a vi, como também outros vizinhos.

Ouvia-se o barulho de pessoas que falavam, cantavam, assobiavam, mas a gente não sabia quem era e imaginava que fossem índios. Quando o dia começava a surgir, as vozes aquietavam. Eis que, num certo dia, em maio de 1952, apareceram por lá dois homens americanos, que ficaram hospedados dois meses na casa de uma família. A dona da casa em que os americanos ficaram era viúva e possuía seis filhos. Seu nome era Maria Tavares. Esses dois americanos pagavam direitinho as diárias, saíam de manhã e seguiam o rio, a uma grande distância que medeia entre o rio e a Cachoeira dos Ouros.

Cada um deles carregava uma grande sacola. Certo dia, acertaram as contas com a dona da casa e foram embora e, desse dia em diante, ninguém nunca mais viu a Mãe do Ouro e nunca mais se ouviu o seu barulho e as cantorias. Dizem que os dois americanos, com certeza, muito estudados no assunto, recolheram o ouro e o carregaram”. (Fonte: www.camposdojordaocultura.com.br)

Cuca (Monteiro Lobato)

“A Cuca é um dos principais seres mitológicos do folclore brasileiro. Ela é conhecida popularmente como uma velha feia na forma de jacaré que rouba as crianças desobedientes. A origem dessa lenda está em um dragão, o coca das lendas portuguesas, tradição trazida para o Brasil na época da colonização. Diz a lenda que a Cuca rouba as crianças que desobedecem a seus pais. A Cuca dorme uma noite a cada sete anos, e quando fica brava dá um berro que se pode ouvir a 10 léguas de distância.

Pelo fato de a Cuca praticamente não dormir, alguns adultos tentam amedrontar as crianças que resistem a ir para a cama, dizendo que se elas não dormirem, a Cuca virá pegá-las. A Cuca é, sem dúvida, uma das principais criaturas do folclore brasileiro, principalmente pelo fato de o personagem ter sido descrito por Monteiro Lobato em seus livros infantis e em sua adaptação para a televisão, o Sítio do Pica-Pau Amarelo.” (Fonte: lendasfolcloricas.blogspot.com.br)

A mucama e o feitor (Pindamonhangaba)

Narrada por Newton Lacerda César em seu blog: “É sobre uma escrava chamada Lavínia que servia seus patrões numa fazenda de café, propriedade de um ‘foral’ do Império, pras bandas do Bairro da Cruz Grande e do Morro da Piedade. Nessa fazenda havia um feitor muito ruim que maltratava todos os escravos do patrão. Lavínia era uma escrava cheia de encantos e durante as tardes muito quentes acompanhava as sinhazinhas até uma lagoa, onde se banhavam. Tão acostumada estava que, quando as meninas decidiam por outras diversões, Lavínia acabava indo pra lá sozinha, pois o local era bem discreto. Aconteceu que o feitor engraçou-se até à paixão pela mucama Lavínia.

Um dia, chegando à lagoa sozinha, preparava-se para entrar na água, claro que só na beirinha, pois não sabia nadar, quando um homem tentou agarrá-la: era o feitor. A fim de se livrar do monstro, a escrava caiu na lagoa e desapareceu. Sem contar a ninguém sobre o ocorrido, ainda o feitor ajudou nas buscas encetadas durante algum tempo para encontrar a escrava sumida. Nunca mais esse homem teve sossego. Via a assombração da moça por toda parte; mais ainda quando passava pela lagoa. Aí, ela surgia nua, mostrando toda a beleza que ele nunca vira, e, com brejeirice, o convidava a entrar com ela. Um dia, ele não resistiu ao convite e jogou-se na água para nunca mais voltar”. (Fonte: maesertaneja.blogspot.com.br)

Cemitério (Santo Antônio do Pinhal)

Um local muito curioso de se conhecer nas cidades são seus cemitérios. Além de deparar com túmulos de pessoas historicamente famosas, conhecemos também outras que são um verdadeiro alicerce de fé para os que lhe rogam por graças. No caso do cemitério de Santo Antônio do Pinhal, podemos ver o túmulo do Barão de Motta Paes que, segundo contam, era um escravagista ferrenho; o do comentador Elisário de Carvalho Monte Negro, um abolicionista; o do padre Guilherme Landell de Moura, irmão do inventor do rádio, padre Roberto Landell de Moura; os santos populares Alzira Coelho Ferreira, Armando Mondadori e Geraldo Sanches. Uma curiosidade está no túmulo de Antônio de Barros Pimentel Jr. que nasceu em 1º de abril de 1875 e morreu em “30” de fevereiro de 1892!

Para saber mais sobre lendas

 

Marcio Alves

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