Lendas de São Sebastião

Lendas de São Sebastião

A região é rica em lendas características do folclore caiçara. Apresentamos aqui alguns relatos sobre essa preciosa cultura oral do povo brasileiro. O registro dessas histórias fantásticas é de extrema importância para que não percamos a essência e o espírito caiçara. Em locais isolados e com poucas opções de lazer, a oralidade era um recurso de aproximação social dos moradores. Por meio da arte de transmissão dessas histórias, podemos, hoje, conhecer seus hábitos e crenças.

Pontal da Cruz

Por volta de 1700, uma linda moça que vivia em São Sebastião se apaixonou por um caiçara de Ilhabela. Todas as tardes, ele vinha em sua canoa, “quando o remo era bom” (ou seja, quando o mar estava manso), encontrar com a moça em um rochedo. Um dia, outro sujeito se apaixonou por ela, deixando-a dividida entre os dois. Alguém contou para o caiçara de Ilhabela que a moça estava apaixonada por outro. Desesperado, o rapaz pegou sua canoa, remou até o centro do canal e deixou-a à deriva no meio de uma tempestade para se matar. Depois de dois dias, ele foi encontrado morto no rochedo, onde namoravam. Ao receber a notícia, ela também morreu de desgosto. No Pontal, foi construída uma cruz em homenagem aos jovens e, algum tempo depois, dois abricoeiros nasceram entrelaçados representando o amor deles. Em 1992, quebraram um dos abricoeiros. E em 2004 ou 2005 plantaram uma mudinha. Dizem que o casal que come aquela fruta nunca perderá seu amor.

Maresias

Nos anos 30, conta-se que, de sete em sete anos, na praia de Maresias, aparecia a assombração do pilão. À noite, escutava-se o bater do socar de um pilão, muito forte. O povo ficava acordado com medo, esperando o pilão passar. Entre 1h e 2hs, o “bum, bum, bum” tremia tudo. O som terminava no cemitério. Passava o susto e todo mundo suava frio.

Toca do Nero

Na Praia Grande, havia uma toca com um nero, peixe que amedrontava a todos pelo seu tamanho considerável. O medo não era apenas um empecilho, o peixe também estragava as linhas e as varas de pescar. Quando o mar vazava, o “monstro” saía para caçar e os pescadores aproveitavam para pescar em paz. As pessoas só começaram a frequentar o lugar depois que o nero sumiu. Essa toca existe até hoje e os únicos monstros que lá habitam são os morcegos e os ouriços do mar (chamados pelos caiçaras de pinda).

Assombração da Figueira

No caminho para as praias do norte de São Sebastião, há ainda uma figueira que nasceu no meio das pedras. Essa árvore é mal-assombrada. Nesse local havia uma fazenda que tinha muitos escravos e, ali, os pobres coitados eram açoitados e muito, mas muito maltratados. Mesmo com o fim da fazenda e da escravidão, os que passavam por lá, seja de bicicleta ou a pé, sentiam calafrios e a sensação de que alguém pulava no pescoço e apertava. Mas como o local era o único acesso para o norte, não se tinha muito o que fazer, a não ser rezar e passar por ali o mais rápido possível.

 

1958 – Uma reza diferente

O horário oficial da missa na matriz era às 17h. Segundo as duas avós de Edivaldo, grande cooperador dessas lindas histórias aqui contadas, um dia uma mulher que sempre ia à missa mais cedo, convidou as duas para assistirem uma missa diferente. Chegando lá, a igreja estava cheia de gente de branco – “essa é a missa dos mortos… está vendo aquela ali… aquela morreu de dor de cabeça… aquela morreu de diarreia…” . O medo foi tanto que, nunca mais as duas avós se atreveram a fugir de suas rotinas.

Pedra Lisa

Ganhou esse apelido por representar o momento de parada de todo viajante que ia para Santa Cruz e aproveitava para descansar à sombra do abricoeiro. Era também um lugar próprio pra limpar cação. Localiza-se próxima à praia Deserta.

 

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