Conhecido por seus belos barquinhos montados com uma pinça dentro de garrafas que paralisam os olhos, principalmente das crianças, Luís Alberto Suñiga nos recebe em sua casa, onde tem o privilégio de trabalhar rodeado pelos encantos da natureza. À frente de sua residência podemos avistar o mar e, no quintal, o cair das águas cristalinas de uma cachoeira.
Uma combinação mais do que agradável à inspiração de um artista. Nascido em Santiago, no Chile, Luís saiu de sua terra natal aos 20 anos de idade, foi para Bolívia onde ficou por quatro anos. Antes de viver do artesanato, ele era cozinheiro marítimo.
Em uma das férias que teve veio para São Paulo, na casa de um amigo em Perdizes. foi conhecer a feira de artesanato e artes do MASP e de tão vidrado que estava com o que via, empolgou-se com a idéia de fazer algumas peças e, no dia seguinte, comprou ferramentas, motorzinho, pinça comprida. Nessa época, já tinha 30 anos, mas desde os 10 anos adorava fazer barquinhos bem rústicos de madeira. “Comecei como uma espécie de terapia ocupacional, hoje é meu ganha-pão”, explica. Aprendeu tudo sozinho e diz que hoje tem condições de fazer qualquer modelo. faz 35 anos que Luís está em Ilhabela.
Atualmente, sua relação com o artesanato mudou e passou a ocupar um espaço muito maior em sua vida. Esse talentoso artesão sofre de diabete e, devido à doença, começou a ter problemas de má circulação e infelizmente perdeu as pernas. Após essa perda não tinha mais condições de trabalhar como antes.
Então resolveu dedicar-se plenamente à arte de talhar com as mãos. “Hoje em dia tenho muito mais condições de fazer coisas do que quando eu tinha duas pernas”, revela. Os barquinhos são produzidos em série. “Nunca faço menos de dez em garrafa grande e nunca menos de cinco em garrafa menor”.
O barco dentro da garrafa é um tipo de quebra-cabeças. Primeiro, dá-se o formato, depois as peças são descoladas, trabalhadas, envernizadas, pintadas. Somente depois é que são colocadas uma a uma dentro da garrafa. É feita a limpeza com esponja de aço e arame e o último procedimento é a quebra de um pedaço de imã que é jogado dentro da garrafa e depois choacolhado para evitar que permaneçam lascas de aço que venham a enferrujar com o tempo.
Para Luís, Ilhabela é um lugar lindo, maravilhoso. “Se tem um lugar do paraíso no mundo, é aqui”, explica. Luís tem em mente a concretização de um projeto social em parceria com a prefeitura, com o objetivo de dar um curso de Artesanato e Marcenaria para um grupo de 15 a 20 crianças carentes.
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