A menos de 300 quilômetros de Natal, Mossoró é a segunda maior cidade do Rio Grande do Norte e detentora de muitos títulos. Conhecida como capital cultural potiguar, por conta de sua festa junina e eventos, a cidade foi fundada como distrito em 1842 e elevada à cidade em 1870. Desde então, sua história vem sendo recheada com fatos históricos.
O Motim das Mulheres, de 1875, é o primeiro deles. Começou como um protesto de um grupo de cerca de 300 mulheres contra o alistamento obrigatório de seus filhos e maridos, resultando em uma representação importante da luta pela quebra dos paradigmas do patriarcado.
Mossoró também foi pioneira na libertação dos escravizados. Em setembro de 1883 – quase cinco anos antes da Lei Áurea, a Sociedade Libertadora Mossoroense designou a libertação total das pessoas ali escravizadas, colocando a cidade entre as seis primeiras do país a abolir a escravidão.
Anos mais tarde, novamente as mulheres faziam história em Mossoró. Isso porque, em 1928, a professora natalense Celina Guimarães Viana conquistava o direito a voto, sendo considerado primeiro voto feminino da América Latina. Apesar de ser nascida na capital potiguar, Celina morava em Mossoró quando o Poder Judiciário local permitiu que mulheres se alistassem para votar em uma eleição complementar para o Senado e foi a primeira a alcançar esse direito.
Mesmo com a anulação da eleição pelo Senado, o local ficou conhecido pelo pioneirismo do movimento sufragista, que resultou na oficialização do voto feminino em 1932 em todo o Brasil.
Ainda nos anos 1920, Mossoró passou por outro episódio que marcou seu nome na história do país. Foi o enfrentamento ao bando de Virgulino Lampião. A batalha contra os cangaceiros, em 1927, é grande exemplo da cultura de resistência do povo mossoroense – que segundo contam, herdou a característica dos índios Moxorós.
Tudo aconteceu quando a cidade passava por um período próspero que chamou a atenção do cangaço. Após uma troca de cartas onde Lampião exigia dinheiro para não invadir o local. O prefeito recusou e houve um conflito armado que terminou com a fuga do bando e a prisão de um de seus principais integrantes, o Jararaca.
Esses e outros fatos históricos de Mossoró e região podem ser encontrados no Museu Lauro da Escóssia, ou Museu do Cangaço. O espaço, que fica na antiga cadeia pública da cidade, conta em detalhes a história local e inclui em seu acervo registros fotográficos, objetos e documentos importantes, como o título de eleitor de Celina.
Outro ponto importante para desbravar esse passado é o Memorial da Resistência, uma praça temática com monumento em homenagem aqueles que lutaram contra Lampião e seu bando, além de diversos totens que relatam os fatos ali ocorridos. É um verdadeiro museu à céu aberto!
O memorial faz parte do corredor cultural de Mossoró. Situado nos entornos da Avenida Rio Branco, o complexo integra grande parte das atividades culturais da cidade. Fazem parte dele: o Teatro Municipal Diz-Huit Rosado, o maior do Rio Grande do Norte, além da Estação das Artes Elizeu Ventania, antiga estação ferroviária que recebe os principais eventos da região, e o Museu do Petróleo, que conta a história das bacias petrolíferas do estado.
Chuva de bala no país de Mossoró
A festa junina mossoroense também é um grande destaque para todo o país. Reconhecida como uma das maiores do Nordeste, a comemoração recebe, normalmente, mais de um milhão de visitantes em busca de seus ritmos mais tradicionais, que vão do sertanejo ao forró.
Durante o festejo, ocorre ainda o espetáculo Chuva de bala no país de Mossoró, que retrata de forma lúdica a resistência ao cangaço.
Um mundo de sal
A cidade potiguar também tem grande importância econômica para o estado. Isso porque é uma das maiores produtoras e o principal centro beneficiador (moagem,refino) e de comercialização de sal do país.
Para quem tem curiosidade em conhecer mais sobre o assunto, a dica é fazer um passeio por uma das salinas locais que são abertas a visitação. As montanhas de sal fazem lembrar um gélido cenário de neve, mas ao contrário disso, por lá o calor costuma ser bastante forte.
Imagem de capa: Rodrigo Sena /MTur