O Museu do Amanhã, inaugurado em 2015, na Praça Mauá, área portuária revitalizada da cidade do Rio de Janeiro, representa muito mais que um museu. Aqui, o objetivo é fazer com que todos reflitam sobre o passado, o presente e o futuro: “Norteado por perguntas que acompanham desde sempre a humanidade – De onde viemos? Quem somos? Onde estamos? Para onde vamos? Como queremos ir? –, apoia-se em um conceito fundamental: o amanhã não é uma data no calendário, não é um destino final; ele é uma construção que começa hoje, agora. A partir das escolhas feitas no presente, desdobra-se uma gama de amanhãs.
O museu examina o passado, apresenta tendências do presente e explora cenários possíveis para os próximos 50 anos a partir das perspectivas da sustentabilidade e da convivência. O visitante é estimulado a refletir sobre a era do Antropoceno – a era geológica em que vivemos hoje, o momento em que o homem se tornou uma força planetária com impacto capaz de alterar o clima, degradar biomas e interferir em ecos – sistemas – e a se perceber como parte da ação e da transformação”.
O genial arquiteto espanhol Santiago Calatrava foi o responsável pelo projeto do Museu do Amanhã. A edificação foi inspirada nas bromélias do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. São 15 mil metros quadrados, cercados por espelhos d’água, jardim, ciclovia numa área total de 34,6 mil metros quadrados do Píer Mauá.
O museu conjuga o rigor da ciência e a linguagem expressiva da arte, tendo a tecnologia como suporte, em ambientes imersivos, instalações audiovisuais e jogos, criados a partir de estudos científicos desenvolvidos por especialistas e dados divulgados por instituições do mundo inteiro. O conceito de museu experiencial apresenta o conteúdo de forma sensorial, interativa e conduzido por uma narrativa.
“É um espaço de conhecimento que oferece uma reflexão ética sobre o amanhã que queremos, uma visão dos futuros possíveis que podemos construir a partir das nossas escolhas, em uma perspectiva de convivência com o planeta e entre nós mesmos”, define o diretor geral da Fundação Roberto Marinho, Hugo Barreto.
A água da Baía de Guanabara é captada pelo museu com duas finalidades diferentes: para abastecer os espelhos d’água e para o sistema de refrigeração, onde é utilizada na troca de calor. Depois de usada na climatização, ela é devolvida mais limpa ao mar, num gesto simbólico. Outro destaque é a cobertura móvel do edifício, em que grandes estruturas de aço servem de base para as placas de captação de energia solar – ao longo do dia, elas se movimentam como asas para acompanhar o posicionamento do sol.
O projeto também valoriza a entrada de luz natural, e o paisagismo, assinado pelo escritório Burle Marx, traz espécies nativas e de restinga, ressaltando a vegetação típica da região costeira da cidade – são mais de 5.500 metros quadrados de área de jardins. Em sua forma longitudinal – “flutuando” sobre o píer, nas palavras de Santiago Calatrava –, o edifício foi projetado de forma a deixar visível e valorizar o conjunto histórico do qual faz parte, que inclui o barroco Mosteiro de São Bento; o edifício A Noite, primeiro arranha-céu da América Latina e sede da Rádio Nacional; e o Museu de Arte do Rio (MAR). A importância histórica da região se completa com marcos como a Pedra do Sal e o porto que recebeu o maior número de escravos no mundo; o bairro da Gamboa, um dos berços do samba; e a histórica Fortaleza da Conceição.
Segundo o curador do museu, o físico e doutor em Cosmologia Luiz Alberto Oliveira, “o acervo do Museu do Amanhã é imaterial, são possibilidades. Ao contrário de outras instituições, que precisam preservar seu acervo, o do museu deve ser o tempo todo renovado”.
Para tanto dinamismo, o museu possui parcerias: o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e o Massachusetts Institute of Techonology (MIT), entre outras.
São explorados seis temas para as próximas cinco décadas: mudanças climáticas; alteração da biodiversidade; crescimento da população e da longevidade; maior integração e diferenciação de culturas; avanço da tecnologia; e expansão do conhecimento. “O museu oferece as perguntas, não as respostas. São elas que norteiam a série de experiências, de maneira a construir uma narrativa de exploração e interrogação”, define o curador.
A exposição principal, com concepção museográfica do designer Ralph Appelbaum e direção de criação de Andres Clerici, se divide em cinco áreas, a partir das cinco perguntas que guiam o museu: Cosmos, Terra, Antropoceno, Amanhãs e Nós. Em cada uma das áreas, o público tem acesso a um panorama geral sobre os temas e pode aprofundá-lo em seguida.
Como instrumento de educação, o Museu do Amanhã é receptor e disseminador das reflexões produzidas no campo da ciência. “O museu abre um espaço fundamental para o debate do conhecimento científico. É um lugar privilegiado para que a ciência possa ser divulgada entre quem mora ou visita a cidade”, elogia Nelson Silva, CEO da BG América do Sul, mantenedora.
Onde: Praça Mauá, 01 – (21) 3812-1880 – Centro – Rio de Janeiro.
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