Se falarmos em um clássico, é o Museu do Café. Sua localização estratégica na confluência das ruas XV de Novembro e Frei Gaspar nos remete ao passado sem nem ao menos adentrarmos o Museu. Parece que estamos na metade do século XIX quando observamos as ruas estreitas e de paralelepípedo, com construções que marcaram a história do país.
Por essas pequenas ruas, transitavam fortunas vindas do interior, transportadas por trens que paravam um pouco mais adiante, na Estação do Valongo. Muita elegância nas mulheres vestidas com seus longos vestidos e chapéus de abas largas, os homens, engravatados e também usando chapéu, muitos de panamá. Eles estavam no meio de um turbilhão econômico, turbilhão esse que abria definitivamente as portas do Brasil para o mundo. Não éramos apenas um país extrativista, tínhamos o “ouro negro” e de qualidade. Firmas estrangeiras abriam suas portas, bancos internacionais de renome instalavam filiais, corretores de café formavam uma nova elite com força econômica.
Os Barões do Café vinham a todo momento fiscalizar a entrega de produtos. Os estivadores formavam a fila dos combatentes, carregando nas costas sacas e mais sacas, cada qual pesando 60 kg. Surgiam os “puxas-sacos” – os que carregavam os sacos para esta ou aquela empresa. A aduana fervilhava, despachantes trabalhavam feito loucos para embarcar tudo.
Um frenesi tão grande que fez surgir o imponente prédio da Bolsa Oficial de Café. Este tinha de estar à altura de seus feitos; nada poderia se menor nem menos grandioso, pois o valor do trabalho e dos investimentos no campo tinha de ser recompensado. Enquanto o café saía, os imigrantes chegavam para essa corrida pela terra. Era o Estado de São Paulo se transformando, criando oportunidades para ser o que é hoje. No interior, ferrovias rasgavam a mata; na capital, surge a avenida Paulista e tudo convergia justamente nessas duas ruas: XV de Novembro e Frei Gaspar.
E foi por meio da Associação dos Amigos do Museu do Café do Brasil, constituída pelas principais entidades de classe, além de torrefadores, produtores, exportadores, comerciantes, corretores e uma gama de outras associações, jurídicas ou não, do setor cafeeiro, que se acreditou na viabilização do Museu do Café.
“Ainda hoje a incursão ao seu interior surpreende qualquer visitante pelo requinte e a qualidade dos materiais empregados, sobretudo no grande Salão do Pregão onde, no passado, funcionou o pregão, com sua diversidade decorativa presente no extenso painel pintado por Benedicto Calixto, na claraboia de vitral realizado pela Casa Conrado e nos pisos de mármores construindo um imenso mosaico em diversas cores e formas.”.
“A distância e a dificuldade de comunicação entre as zonas produtoras e portuárias possibilitou a formação de uma classe que intermediava a relação fazenda-porto. Inicialmente esse papel foi feito pelos comissários de café, homens de confiança dos fazendeiros, cujas funções se estendiam do financiamento dos produtores à venda do café ao exportador. Esses comissários, assim como as firmas comerciais e os donos de armazém, podiam ter empregados, chamados corretores.
O crescimento do volume das negociações fez aparecer outra categoria de intermediários nos centros exportadores, como Rio de Janeiro e Santos. Denominados ‘zangões’, eram corretores do café disponível na praça que podiam trabalhar, sem exclusividade, para diferentes compradores ou vendedores de café, ganhando uma comissão sobre o valor negociado. Eram grandes fontes de informação, sabendo as cotações diárias e a situação do mercado na praça antes das divulgações oficiais. Mesmo após a função de comissário de café desaparecer, esses corretores permaneceram atuando em diferentes categorias, fosse representando seus clientes do interior, trabalhando na rua para escritório de outros corretores, revendendo café para as exportadoras, trabalhando com câmbio, ou negociando nas Bolsas de Mercadorias.”
Fonte: www.museudocafe.com.br
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