Um verdadeiro cemitério submerso faz das águas de Ilhabela um perfeito festival para mergulhadores. Muitas são as explicações para tantos desastres navais, como por exemplo, o suposto magnetismo ou a “maldição” que o arquipélago possui. Mas deixando os “achismos” de lado, os fatos são concretos, pois mais de 10 grandes naufrágios ocorreram por essas bandas.
No dia 12 de dezembro de 1882, naufragou um dos navios a vapor mais antigos de que se tem notícia em Ilhabela. A embarcação inglesa Crest saiu de Santos com destino à Nova York, transportando sacas de café. Porém, em meio ao mau tempo que se fazia, o trajeto acabou sendo desviado, direcionando Crest para o sudoeste de Borrifos, onde afundou com a força das ondas no costão.
O cargueiro Dart levava, do porto de Santos para Nova York, o café do Oeste Paulista, além de 5 passageiros, malas postais e 56 tripulantes. Foi na noite de 11 de setembro de 1884 que uma forte tempestade empurrou a embarcação contra a Laje do Sapata, nos arredores de Alcatrazes e, logo em seguida, naufragou na Ponta de Sepituba, em Ilhabela. Todos os tripulantes e passageiros sobreviveram, exceto o Oficial Chefe Wilian T. J. H., que foi dado como desaparecido.
Caiçaras e mergulhadores chamam Dart de navio das louças, pois, por muito tempo, ainda encontravam- se, dentro dele, louças de porcelana inglesa com o brasão do correio britânico, que eventualmente eram vendidas na Vila.
Outubro de 1913. 51 homens estavam a bordo do rebocador Guarany, que fazia exercícios militares, próximo ao Farol da Ponta do Boi. Um navio mercante do Lloyd Brasileiro, o Borborema, aproximou-se do rebocador, tentando comunicar- se sem sucesso.
A neblina que se instalava sobre o mar revolto facilitou a colisão entre as duas embarcações e o consequente naufrágio do Guarany. Somente 20 tripulantes sobreviveram salvos pelo próprio Borborema.
O transatlântico Velásquez, da linha da Lamport & Holt, atracou no porto de Santos, vindo de Buenos Aires, para embarcar passageiros e 2.133 sacas de café, que seriam levadas para Nova York. No dia seguinte, 16 de outubro de 1908, chovia forte e o mar estava muito agitado quando Velásquez foi envolvido por uma vasta cerração. Não se sabe ao certo o motivo, mas há grandes probabilidades de que foi por erro de navegação que o transatlântico se chocou com as rochas de Bustamante, próximo à Ponta da Sela e afundou.
Quase toda a tripulação e os passageiros se salvaram com botes. Muitos mergulhadores visitam o Velásquez pelo seu fácil acesso. Ainda é possível ver muitos pedaços do navio envoltos por uma grande variedade de peixes coloridos e outros tantos tipos de vida marinha.
Noite de 24 de março de 1909. A tripulação de 22 homens do Hathor, da armada Gourlay, deparouse com uma forte cerração, no trajeto entre Rio de Janeiro e Santos. O vapor encalhou na costa de Ilhabela, nos rochedos da laje próxima à Ponta da Sepituba.
No dia 3 de fevereiro de 1919, a estação telegráfica do Monte Serrat de Santos foi comunicada do encalhamento do vapor sobre as pedras do chapadão sul da Ponta do Boi, em Ilhabela. Relatos das embarcações que buscavam o resgate da tripulação do Therezina descreviam o navio quebrado em dois, em estado de perda total.
Felizmente, todos foram salvos. Os motivos do encalhe são desconhecidos, sendo melhor aceita a suposição de que a correnteza fez o navio sair da rota e bater na costa da ilha. O Therezina tinha o nome de Siegmund, pois teve sua origem na Alemanha. Foi confiscado pelo governo brasileiro por refugiar-se em águas nacionais sem permissão, sendo então rebatizado e transformado em navio cargueiro. Sua hélice está exposta em frente ao Museu de Naufrágios.
O cargueiro Aymoré, de nacionalidade brasileira, construído em 1883, foi mais uma vítima da neblina de Ilhabela. A embarcação ficou encalhada na Ponta do Ribeirão, próximo às ilhotas dos Moleques, na entrada do Canal de São Sebastião, em 1920. Foram muitas as tentativas de resgate, porém sem nenhum resultado. Aymoré foi abandonado e declarou-se sua perda total.
Em 1943, o Capitão-de-Corveta Friedrich Guggenberg, muito reconhecido pelos seus feitos pela Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial, ganhou o comando do submarino U.513, que se deslocaria para a costa brasileira. Afundou o mercante sueco Venezia, no Rio de Janeiro, e explodiu o S.S. Tutoya, propriedade do Lloyd Brasileiro, no litoral sul de São Paulo. Guggenberg, então, costeou até a entrada sul do Canal de São Sebastião, onde ficou à espreita, pronto para pegar mais um navio.
A estratégia teve êxito. Na manhã de 3 de julho, surgiu no horizonte, a sudoeste da Ponta do Boi, o Liberty Ship Elihu B. Washburne, que levava café do porto de Santos para os Estados Unidos. O navio foi torpedeado pelo U.513 e afundou. A tripulação de 42 marinheiros, 25 guarda-armados e os 3 passageiros foram salvos por balsas. O fim do U.513 se deu em 19 de julho, atacado por um avião, na costa catarinense. Guggenberg foi feito prisioneiro dos americanos e mais tarde foi levado para os Estados Unidos.
O paquete Assuncion, de 1895, ficou a serviço da Hamburg-Sud por quase 20 anos, na linha Alemanha- Brasil-Prata, transportando, sobretudo, imigrantes no sentido norte-sul e café e algodão no sentido oposto. Em 4 de agosto de 1914, a embarcação encontrava-se atracada no porto de Santos, quando seus rumos começaram a mudar. Eclodia na Europa a Primeira Guerra Mundial.
O Assuncion passou a transportar carvão como navio-auxiliar da armada alemã. Zarpou 5 dias mais tarde, navegando bem rente à costa para fugir ao controle dos cruzadores britânicos. Alguns dias mais tarde, foi convocado, via telégrafo, cruzador da Marinha Imperial alemã. Prestou serviços à Alemanha pela costa brasileira sem obstáculos.
O navio estava no Pará quando o Brasil rompeu relações diplomáticas com a Alemanha, sendo apreendido por nossas autoridades e entregue ao Lloyd Brasileiro. Passou a se chamar Campos e serviu por 26 anos à Marinha Mercante Nacional. Em outubro de 1943, em plena Segunda Guerra Mundial, Campos foi atacado pelo submarino alemão U.170, próximo à Ilha de Alcatrazes.
O vapor não resistiu aos torpedos e naufragou, matando 11 homens dentre os 57 tripulantes e os 6 passageiros.
O tempo traiçoeiro fez mais uma vítima. Dessa vez, um cargueiro espanhol, o Concar, que encalhou na Ponta de Piraçununga. A embarcação só naufragou 22 dias depois, em 29 de outubro de 1959.
As várias tentativas de resgate que ocorreram nesse período foram inúteis. A agitação do mar não permitia que rebocadores se aproximassem. Logo as cargas começaram a cair no mar, não só as oficiais, mas também as contrabandeadas, como perfumes franceses, baralhos, licores espanhóis e máquinas de costura.
Os caiçaras da região aproveitaram a fartura e “pescaram” muitos desses produtos, mesmo com a fiscalização da Alfândega e da Capitania dos Portos. O curioso nessa história é que eles não sabiam que o azeite era comestível e acabaram usando- o para as lamparinas. Também os extratos de tomate ganharam uma nova função, mesmo que não muito eficiente: colorir as paredes. A tripulação se salvou e alguns ficaram mais um tempo no Brasil para depor no inquérito.
O pesqueiro Urucânia voltava de Itajaí e seguia para o Rio de Janeiro quando foi surpreendido por uma tempestade, que o levou a bater no Costão do Juquinha, perto dos Frades, em Ilhabela. Os vinte homens que tripulavam a embarcação foram salvos pelo pescador Brás de Carvalho, que recebeu homenagens pelo seu ato heróico.
A precariedade do Ferry Boat 22, que fazia a travessia São Sebastião- Ilhabela, fez a Capitania dos Portos tirá-lo de circulação. Durante a viagem até Santos, sendo rebocado pelo Servemar, o tempo virou, próximo à Ilha Montão de Trigo e o FB-22 não agüentou.
30 de dezembro de 1991. As festas de fim de ano já preparadas para receber os turistas. Mas uma surpresa roubou a cena e chocou todos que estavam nas redondezas. Uma explosão na proa do petroleiro Alina P. causou tanto impacto que algumas casas em Barequeçaba tiveram suas vidraças estilhaçadas. A tripulação saltava para o mar. Começou, então, uma intensa operação de emergência que durou 18 dias e terminou com sucesso, em relação às proporções do desastre. Todo óleo foi reaproveitado, o navio foi totalmente lavado e os resíduos de óleo resultantes, removidos. Apenas um tripulante morreu carbonizado no incêndio. O aço foi reciclado e o restante da estrutura foi rebocado para alto-mar e afundado próximo a Alcatrazes. O navio foi saqueado por embarcações que esperavam a equipe se afastar do navio para roubar materiais e equipamentos.
Em Borrifos, encontra-se o São Janeco, embarcação inglesa que naufragou em 3 de fevereiro de 1929, exatamente 10 anos depois do naufrágio do Therezina. A possível causa teria sido o mau tempo, mas pouco se sabe sobre essa embarcação.
Veja também o post sobre o Naufrágio do Príncipe das Astúrias
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