A Costa Portuguesa desde a Idade Antiga foi frequentada por muitas civilizações, isso por si só dá uma ampla visão da possibilidade de milhares de navios naufragados. Daqui, partiam e chegavam navios de todas as bandeiras em um intenso comércio de produtos agrícolas, produtos vindos do Brasil, repletos de ouro, especiarias da Índia e até escravos vindos do continente africano. E toda essa movimentação teve seu preço: muitos naufrágios em Lisboa.
Pela quantidade de naufrágios, a catalogação de cada um deles, é praticamente impossível. Além da problemática da quantidade, há também a “caça ao tesouro”, praticada até os dias de hoje. Essa prática existe desde sempre. Os navios tinham como carga produtos preciosíssimos como ouro, prata, porcelanas, faianças, pedras preciosas, joias, entre outros. O problema da “caça ao tesouro”, é que não há um critério de preservação do sítio arqueológico e as peças encontradas são diretamente destinadas ao mercado negro. Ou seja, os caçadores encontram o naufrágio, retiram tudo o que podem, até sinos e canhões, e deixam apenas restos destruídos e totalmente fora de contexto. O que se sabe é que dentre os milhares navios naufragados, 320 tinham como carga, tesouros.
A localização de um naufrágio não é importante apenas por sua carga. Os locais dos naufrágios desvendam: como aconteceu, por que aconteceu e são indícios vivos de uma micro história dentro de um período mais amplo. Os sítios subaquáticos guardam informações cruciais de magnitude ímpar para contextualizar várias situações, tanto na tecnologia marítima, do cerne do mercantilismo, da capacidade de navegação, de entender os obstáculos geológicos do local e da vida social de uma época, como também da política. Ou seja, por meio da Arqueologia Subaquática, o profissional está apto a desenvolver as técnicas de retiro, de conservação e dar destino histórico ao que foi encontrado. Por isso mesmo, Portugal está criando várias ações para evitar a depredação desse patrimônio e dar destaque e importância necessária, além de subsídios econômicos e técnicos para esse fim, como o Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática.
Talvez o Cabo da Roca seja o local onde mais naufrágios em Lisboa aconteceram na costa portuguesa. Isto se dá pelas pedras submersas, denominadas mesas, além das que despontam e ficam invisíveis com forte nevoeiro. Os vestígios oficiais de naufrágios nessa região datam de 1966, quando foi encontrado um canhão com mais de 2 metros de comprimento e 1.500 kg, do século XVII.
Nau Nossa Senhora dos Mártires – de bandeira portuguesa, naufragou em 1606, na foz do rio Tejo e tinha como carga pimenta preta. No retorno da Índia, já na costa de Cascais, foi afetada por uma tempestade, quando o capitão Manuel Barreto Rolim tentou entrar no rio Tejo, desgovernada, a nau foi de encontro às rochas onde está o Forte são Julião da Barra. Os restos da nau foi localizada em 1994.
Nau Nuestra Señora de la Encarnación – de bandeira espanhola, comandada pelo capitão Pedro Rebolo, vinda de Porto Rico.
Tartana Notre Dame de Misericorde – de bandeira francesa, naufragou em 1731, próximo ao Cabo da Roca, vinda de Marselha, também vítima de uma forte tempestade.
Nau Nossa Senhora da Conceição – de bandeira portuguesa, naufragou em 1724, próximo ao Cabo da Roca.
Nau Santa Catarina de Ribamar – de bandeira portuguesa, mais um dos naufrágios de Lisboa que foram trágicos. Naufragou em 1635, próximo ao Cabo da Roca. Seu último capitão foi Luís Castanheda de Vasconcelos. Vinda de Goa com mais de 450 passageiros e tripulantes, e apenas 15 sobreviventes, fez desse naufrágio um dos mais vultosos da época.
HMS Medusa – de bandeira inglesa, naufragou em 1798, próximo ao Cabo das Rocas, comandado pelo capitão Alexandre Becker, com uma caga de 50 canhões.
Vapor Lunefeld – de bandeira inglesa, naufragou em 1871, próximo ao Cabo das Rocas. Sua carga era composta por peças de ferrovias, com destino a Trieste.
Ville de Victória – O naufrágio do paquete de bandeira francesa Ville de Victória causou grande comoção na comunidade de Lisboa. No dia 24 de dezembro de 1886, o Ville de Victória era abastecido para logo zarpar em direção ao Rio de Janeiro. A maioria dos passageiros já se encontrava em suas cabines e muitos homens trabalhavam no convés. Às 04h30min o paquete foi trespassado pelo esporão do couraçado inglês, Sultan.
Em 10 minutos, tudo, literalmente, foi por água abaixo. Não houve tempo de tirar tanto os passageiros como os tripulantes. Dezembro é inverno e as águas geladas tornaram-se enormes armadilhas. Ao todo, 32 pessoas morreram. O que mais chocou, foi a velocidade com que tudo aconteceu e tão próximo da terra. Ao longo dos dias, pipas de vinhos foram achadas nas praias, pedaços de madeira do casco, bagagens e cadáveres. Um desastre que envolveu três nações: Portugal, França e Inglaterra. Por isso, o enterro foi um encontro de diplomatas e representantes das comunidades dos três países, que despertou a curiosidade dos moradores locais.
Para a Black Friday deste ano, algumas das unidades irão oferecer descontos imperdíveis para quem…
Orlando está pronta para brilhar na temporada de fim de ano com dois meses de…
O programa Giro Brasil, atração de turismo exibida na TV Cultura, anuncia uma parceria com…
Praia Grande (Foto: Bruna Brandão) O município de Salvaterra fica localizado na ilha de Marajó…
Praiado Farol Velho (Foto: Bruna Brandão) O município de Salinópolis está localizado no norte do…
O Natal é um período mágico, onde o espírito natalino se manifesta em cada gesto…