É preciso navegar e descobrir novos mundos, mas há que se respeitar as forças da natureza. Desde os ancestrais polinésios, o homem empreendeu a navegação e, com um remo e uma canoa, atravessou nada mais, nada menos do que o oceano Pacífico.
Os fenícios elevaram a arte de navegar a um novo patamar e, mais tarde, a Escola de Sagres (Portugal) foi o passo decisivo para a descoberta do Novo Mundo, estendendo-se definitivamente por todo o globo. Porém, tudo tem um preço, e às vezes esse preço é alto demais, custa vidas.
Desde sempre ouvimos falar de navios afundados, o que nos traz uma sensação mais para filmes do que para a realidade. Isso até que deparamos com testemunhos de pessoas que sobreviveram a um naufrágio ou que ajudaram a salvar vidas nessas circunstâncias.
Ou quando temos a oportunidade de conhecer um navio repousando sob uma imensa massa d’água, com seus destroços e objetos que um dia foram de alguém. São marcas inesquecíveis que despertam sentimentos contraditórios. De um lado, a fascinação; de outro, a certeza de que aquele monumento esquecido foi um dia algo esplendoroso.
Para a maioria das histórias de afundamento, as condições do tempo foram decisivas na tragédia. Tempestades e nevoeiro, uma combinação explosiva que fez navios se extraviarem, se chocarem e rapidamente irem a pique.
Na costa da Rio-Santos, foram tantos que é possível elaborar uma lista.
Em minutos afundou, deixando quinhentos mortos. Os que se salvaram foram resgatados pelo vapor francês Veja e escaleres, que deixaram muitos nos rochedos em terra. Em meio a essa tremenda tragédia, um nome se destacou por sua bravura: a nadadora Marina Vidal que resgatou, no mar revolto, muitos passageiros. Muito ouro, joias e peças de arte foram a pique e repousam submersos. A Ponta da Pirabura, segundo moradores mais antigos, é um lugar considerado amaldiçoado, pois mais de cem desastres já ocorreram no local.
Ver mais informações no post: Naufrágio do Príncipe de Astúrias
Onde: Ponta da Pirabura – Ilhabela.
Em 1859, o charrua Carioca naufragou entre a Ilha de Santo Amaro e a Ilha das Cabras, e os moradores da praia da Enseada recolheram os corpos dos tripulantes. Hoje, onde está localizado o Grande Hotel, foi construída a Capela de Santa Cruz e enterrado o capitão-tenente Antônio Miguel Pestana. Dos 87 embarcados, apenas 34 sobreviveram.
Quando se fala em Segunda Guerra Mundial, o que se imagina é um conflito distante de nós, assim como a famosa referência à tomada do Monte Castelo. Ledo engano. Essa guerra se prolongou até nossa costa e a frota brasileira de navios sofreu muitas baixas com torpedos disparados de navios e submarinos alemães e italianos. As mortes também foram incontáveis e, indignado com esse conflito em mar-alto, o povo brasileiro se exaltou e entramos declaradamente na guerra ao lado dos Aliados. Ao sul de Alcatrazes jaz um desses exemplos, o vapor Campos, da Cia. de Navegação Lloyd Brasileiro, torpedeado pelo navio alemão U-170, em 1943. Seu naufrágio deixou um saldo de dez tripulantes e dois passageiros mortos. Do início do conflito mundial até essa data, foram mais 34 embarcações brasileiras afundadas pelo Eixo.
Onde: cinco milhas ao sul de Alcatrazes.
Era o ano de 1880 quando o ministro da Marinha, Almirante José Rodrigues de Lima Duarte pediu à Câmara dos Deputados a modernização da Marinha Imperial. Foram comprados do estaleiro inglês Samuda & Brothers, dois encouraçados, os mais avançados da época: o Riachuelo e o Aquidabã. O Aquidabã entrou em ação em momentos históricos decisivos, como na Revolta da Armada, em 1893, e no combate de Anhatomirim, em 1894. Em 1906, em Angra do Reis, nosso bravo encouraçado sofreu uma explosão e afundou. Foram 212 homens mortos entre a tripulação e uma comitiva ministerial. O Brasil comoveu-se com tamanha tragédia. O Aquidabã está submerso a uma profundidade entre oito e dezoito metros; na costa foi erigido, em 1913, o Monumento aos Mortos do Aquidabã.
Onde: Ponta do Pasto – Ponta Leste – Angra dos Reis.
Charrua Carioca – 1859; Denderah – 1929; Yannik – 1961
Monchão – 1947 ; Monte de Trigo – 1947
Negreiro – 1853 (Alcatrazes); Victória – 1905; Petrel – 1915 (Alcatrazes); Sombrio – 1940 (Ilha Montão de Trigo); Alina P – 1991; Comércio Marítimo – 1828
Duarte – 1865; Crest – 1882; Dart – 1884; MSN – 1900; Playmobil – 1900; Atílio -1905; France – 1906; Velasquez – 1908; Hathor – 1909; Guarani – 1913; Príncipe de Astúrias – 1916; Therezina – 1919; Aymoré – 1920; Sigmund – 1920; Tritão – 1921; São Janeco – 1929; Rosa – 1942; Campos – 1943 (ato de guerra); Miudinho – 1950; Iguassu – 1958; Concar – 1959; Urucânia – 1960.
Caroline – 1852; Princesa Amélia – 1857; Navita – 1944; Maria – 1950
Paulista – 1913; Rio Macahuan – 1921; Piraúna – 1951
Rio de Janeiro (Califórnia) – 1853 (Ilha Grande); Bezerra de Menezes – 1891; Aquidabã – 1906; Comandante Manoel Lourenço – 1927 (Ilha Grande); D.O.N.G – 1942 (Ilha Grande); Márcia – 1952 (Ilha Grande); Pinguino – 1967
Fonte: Sistema de Informação de Naufrágios – Carlos Arruda Accioly e Maurício Carvalho
Uma grande oportunidade de conhecer objetos resgatados em naufrágios é visitar os museus que possuem acervo específico, a saber:
Museu dos Naufrágios e Biologia Marinha
Onde: Avenida Vereador Antônio Borges, 1905 – (12) 3862-6936 – Praia Grande – São Sebastião.
Museu Náutico de Ilhabela
Onde: Rua José Bonifácio, s/n° – (12) 3896-3757 – Bairro da Água Branca – Ilhabela.
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