A convite da Roraima Adventure, uma das mais conceituadas agências no segmento de turismo de aventura no Brasil; e presidida por uma figura iluminada e adorada por brasileiros, venezuelanos e por todas as tribos de índios da região, o “cacique” Magno Souza; fui conhecer, em meio a crise que o país atravessa, a famosa cachoeira conhecida como Salto Angel (a mais alta do mundo em queda livre). Ela fica em um Parque Nacional Canaima, que é Patrimônio Cultural da Humanidade, é considerado o sexto maior parque nacional do mundo e estabelecido em terras indígenas.
Por que visitar a Venezuela em um momento de crise do país? Resolvi viajar para lá para responder a pergunta que inquietava a mim e aos meus familiares. A resposta deixarei para o final da minha história, mas já adianto que foi uma das viagens mais bacanas da minha vida e que me trouxe saberes que não imaginava.
A viagem foi programada para quatro dias, respeitando um pacote comercializado pela agência. Iniciou-se em Boa Vista, simpática capital de Roraima e tema de outros posts do cidadeecultura.com, de onde partimos de van para Pacaraima (cerca de três horas), divisa com a Venezuela.
Bom, aqui já estamos falando da emblemática rodovia BR-174 que liga o hemisfério sul ao hemisfério norte. Sai de Manaus e com 1.100 km de estrada, chega a Pacaraima. Farei a estrada toda em outra oportunidade, mas só o trecho que percorremos nos dá a dimensão da beleza natural da região e da infinita sabedoria que esse lugar nos reserva… Aqui o cenário predominante é o lavrado, um tipo de savana tropical, sem correspondência em nenhuma outra parte do Brasil, e de extrema relevância na conservação da biodiversidade e do meio ambiente amazônico. Grande parte deste ecossistema esta em área de proteção e abriga diversas tribos indígenas, como por exemplo, São Marcos e Raposa-Serra do Sol.
Observação do autor: Estou tentando ser breve para o texto não ficar longo, mas é que a “cada esquina” passe-se por tanta coisa bacana…
De Pacaraima atravessamos, de veículos 4×4, da agência receptiva Nativa Tours, do Venezuelano de alma brasileira César Khasen, para a Santa Elena de Uairén, no Estado Bolivar, e assim adentramos na Venezuela. Precisa de veículos 4×4 nesse momento? Não, mas é sempre um charme nas viagens de aventura!
Seguimos direto para o aeroporto de onde seguimos de avião, única forma de acesso, para o lado ocidental do Parque Canaima. Viagem prazerosa de uma horinha com vista para a Salto Angel… e com disputa para quem fica na janela.
Fomos recebidos por indígenas da tribo Kanaimo, com agrados de colares e pulseiras, no modelo Havaiano, mas muito melhor, porque no Havaí a pratica já esta um pouco “mecanizada” e aqui pudemos sentir uma energia muita bacana proveniente do carinho dos anfitriões.
Desde o momento em que se pisa nesta terra, você se deslumbra com todos os cenários, seja pela beleza natural do local ou pelo valor da cultura ali presente. No Parque só é permitido a habitação indígena com exceção na região destinada aos hotéis e pousadas, que somados não passam de seis ou sete. Ao menos três hotéis daqui não deixam a desejar em conforto, qualidade e sofisticação em relação a qualquer outro grande destino turístico.
O meio ambiente aqui é único e de grande interesse geológico, já que mais de 60% do parque são ocupados pelos tepuis, formação rochosa de quartzito e arenito (com leitos de ardósia), geralmente plana em seu topo e com paredes verticais. São consideradas as formações expostas mais antigas do mundo por datarem do período Pré-cambiano (mais de 2,5 bilhões de anos).
Sobre seus cumes nascem, a partir das chuvas, rios e gigantescas cascatas. Lado a lado, você vai ao longo do caminho observando dezenas delas até se deparar com a cachoeira Salto Angel, a maior do mundo, gerada pelo leito do rio Kerepacupai no tepui Auyantepui.
Navegar de barco pela lagoa Canaima é uma das partes mais fascinantes deste passeio. O barco se aproxima bastante dos saltos a ponto de se molhar o cabelo, não foi o meu caso, porque sou careca, mas foi o da tripulação.
Mas o ponto mais alto deste passeio é passar por dentro da El Hacha. A partir de uma escada rústica, passamos por um caminho de pedra que literalmente adentra a cachoeira. Como fomos em agosto, um período de muita água, passar por dentro dela foi simplesmente fascinante. Único, singular, pela sensação intensa do vapor d’água, pela sua coloração avermelhada pelos minérios e pela luz do sol…
Em uma das noites dormimos na tribo Kanaimo e convivemos de maneira muito especial com os nativos do Parque. Pudemos brincar com as crianças, experimentar a culinária local, trocar conhecimentos, e dormir em confortáveis redes. Aqui eu apanhei um pouco da minha costumeira teimosia e não entrei no saco de dormir, mas me cobri com uma manta. Porém o ventinho da mata durante a noite insiste em gelar a parte debaixo da rede…
Na vila, conhecemos o Cacique Domingo, o sistema de saúde, o modelo de gestão, a estrutura de apresentações culturais e um pouco do modo de vida deles. Confesso que me surpreendi positivamente com a inteligência, com a clareza de pensamento e com a percepção do Cacique em relação a adaptação da tribo ao mundo moderno, mas sem perder o propósito de resgatar e preservar a identidade cultural de seu povo.
Para se chegar a ela, subimos rio acima, durante quatro horas, em uma barco de madeira pilotado e orientado por nativos. E só assim se chega lá, porque o rio é tão acidentado, cheia de pedras e com forte correnteza que só habilidosos locais conseguem esse feito. Para se ter uma ideia, em um dos trechos, o barco pára na margem e segue sem passageiros, nos pegando rio acima após uma caminhada de meia hora. Nada traumático, muito pelo contrário, tudo enriquece ainda mais a experiência.
O barco nos deixa na ilha Ratoncito, em um acampamento montado na base da montanha. Depois de conhecê-la, tomamos banho, jantamos (um delicioso prato local) e dormimos sob o delicioso clima da floresta.
A trilha para avistar de perto a cachoeira passa por lugares planos em meio a mata e uma subida íngreme, mas curta, de apenas meia hora. Aqui cabe dizer que a meia hora de nosso amável Antônio, receptivo local, é um pouco mais demorada do que estamos acostumados! A cada quinze minutos, continua faltando meia hora…
Chega-se a uma pequena lagoa formada pela cachoeira, onde é possível entrar e ter uma das sensações mais incríveis da vida de qualquer mortal. Banhar-se aos pés do Salto Angel! Nem vou tentar descrever a sensação de se sentir pequeno na imensidão desse mundão e ao mesmo tempo tão agradecido por desfrutar dele.
Para os mais destemidos, a trilha ainda segue morro acima para chegar ainda mais perto do topo do Salto Angel. Fico devendo essa! O mergulho descrito anteriormente já havia me deixado em êxtase e completamente relaxado e ali resolvi ficar.
Porque é um lugar único, maravilhoso. Porque, apesar da crise política, o país entende a importância de respeitar os turistas, garantindo-lhes segurança. Porque o Parque Nacional Canaima esta longe da capital Caracas, e portanto, você não respira o ar contaminado pela política.
E principalmente, porque você esta sob a responsabilidade de operadores de turismo de muita competência e profissionalismo. Desde a operação no Brasil, passando pelos receptivos na Venezuela e os anfitriões da tribo Kanaimo.
Para Venezuela voltarei em breve… para conhecer outras tribos do Parque Nacional Canaima e para desbravar o Monte Roraima.
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