COM A CHEGADA DOS NEGROS VINDOS DA ÁFRICA NA CONDIÇÃO DE ESCRAVOS, a mão de obra indígena nos engenhos de cana-de-açúcar e na busca de ouro foi gradativamente extinta. Os africanos foram, na realidade, a grande força motriz da agricultura e Quilombolas da engenharia brasileira. Foram eles os responsáveis por tirar o Brasil da categoria de país extrativista para torná-lo um produtor de categoria mundial, no caso com o café. Tivemos, em muitos períodos, um contingente de negros cinco vezes superior ao de brancos. Hoje convivemos com muitas heranças desse período, não só com termos da língua portuguesa falada no Brasil, mas também em produtos internacionalizados com a chancela “Made in Brazil”, como a cachaça. Devido às condições subumanas nas quais foram tratados por séculos, as fugas dos negros eram inevitáveis. Encontravam refúgio no meio da mata, em lugares afastados e inóspitos. Historicamente, a Baixada Santista apresenta dois lados de uma mesma moeda. Assim como foi uma ampla região que absorveu muita mão de obra escrava, foi talvez a primeira região a adotar os ideais abolicionistas, tendo como seu maior ícone José Bonifácio. Em Santos, o quilombo do Jabaquara chegou a abrigar cerca de 10 mil fugitivos, sendo considerado o maior do país, e contou com o apoio tanto de figuras ilustres como da gente simples que aderia à causa e lutava bravamente, tanto é que a cidade é chamada de Terra da Liberdade e da Caridade.