A garra de um povo
Uma das fases mais tristes de nossa história começou no século XVI, com a expansão do cultivo da cana-de-açúcar e a descoberta do ouro, quando a mão de obra indígena não mais satisfazia as necessidades do mercado por muitos motivos, um deles sendo a redução drástica da população por conta de doenças. Foi nesse contexto que o comércio de escravos vindos da África começou a florescer de tal modo que a escravidão no Brasil só foi extinta em 1888, pelas mãos da Princesa Isabel, quando da assinatura da Lei Áurea.
As cidades que compõem a Rio-Santos possuíam muitos engenhos de cana-de-açúcar e, mais tarde, de escoamento das safras de café. Como estavam localizadas no litoral, também eram rotas de desembarque de escravos. Após a promulgação de lei que determinava que todos os africanos que entrassem no país fossem livres, em 1831, o contrabando de escravos tornou-se mais uma significativa atividade de comércio ilícito que enriqueceu muitos fazendeiros e traficantes. Localidades como a praia do Guaiúba, no Guarujá, a praia de Castelhanos, em Ilhabela, e a Ilha Grande receberam inúmeros negros contrabandeados.
Rotas terrestres eram abertas na clandestinidade e milhares de cativos eram levados continente adentro para destinos incertos. No litoral norte de São Paulo e no sul do litoral do Rio de Janeiro, a cultura afro-brasileira reina imperiosa com descendentes que a preservam e cujos valores transmitem a toda a sociedade por meio de sua religião, danças, quilombos, vestimentas e de sua própria história.
Da fazenda desmembrada de José Antunes de Sá, em 1881, surgiram os primeiros posseiros da área, ex-escravos. Com o tempo e as disputas de terras, diminuiu sensivelmente a quantidade de moradores desse quilombo. Hoje com apenas 19 famílias, dedicadas à agricultura familiar, à pesca, à coleta de mariscos e ao cultivo da banana. O ecoturismo também é explorado de forma sustentável, com capacitação de monitores.
Onde: Praia Quilombo da Caçandoca – Ubatuba.
Na praia do Sahy, em Mangaratiba, há um complexo arqueológico que reúne casa-grande e pátio. Segundo pesquisas de Mirian Bondim, da Fundação Mário Peixoto, esse local era uma grande fazenda produtora de açúcar, ativa desde 1771, de propriedade de Manuel Antunes Susano, e local de “engorda” de escravos. Destaque para a casa, uma grande construção na Fazenda do Gago, bem preservada.
Onde: Praia do Sahy – Mangaratiba.
Constituído por cinquenta famílias, originou-se de escravos fugidos de fazendas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Foram liderados pela escrava Josefa, isto há mais de 150 anos. No local ainda é preservada a “Toca da Josefa”. Segundo documentos, havia uma propriedade denominada Fazenda Cambory, produtora de cana-de-açúcar. Com o declínio da cana, a fazenda perdeu seu valor comercial.
Atualmente, o ecoturismo e o turismo de aventura são importantes fontes de renda para os quilombolas, pois sua localização é privilegiada em meio à Mata Atlântica e perto de praias maravilhosas. Na mata, os visitantes podem percorrer trilhas de todos os níveis de dificuldade e que levam a lindos lugares, como a Toca da Josefa, a divisa dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, a cachoeira do Rio do Cedro, e os mirantes. No mar, oferecem-se passeios de barco por locais perfeitos para a prática de mergulho, piscinas naturais, praias de difícil acesso, a Ilha das Couves e os cercos flutuantes de pesca. Os guias são capacitados para dar ao turista e ao esportista toda a segurança necessária.
Agendamento: Núcleo Picinguaba: (12) 3892–9062 – Ubatuba
Originário da Fazenda Santa Rita do Bracuí, doada em 1877 por seu proprietário, o comendador José Joaquim de Souza Breves, hoje é habitado por 300 famílias que preservam sua história por meio da prática do jongo, de relatos dos mais antigos e do desenvolvimento comunitário. Um grande atrativo é a Capelinha de Santa Rita de Bracuí, construída a mando de Souza Breves.
Onde: Estrada Santa Rita, 1 – Bracuí – Angra dos Reis.
Originário da antiga Fazenda Independência, foi formado pelo esforço de três irmãs escravas, Antonica, Luíza e Marcelina. Elas eram ex-bordadeiras e tecelãs para os senhores brancos. No fim da escravidão, as irmãs receberam terras e hoje o quilombo está na quinta geração, com 150 famílias. Em 1999, veio a legalização das terras e o reconhecimento como Comunidade Quilombola. Foi considerado modelo de organização com a implantação de uma economia solidária e agricultura autossustentável. Possui escola municipal, a Igreja de São Benedito, uma unidade de saúde, restaurante (premiado pela revista Veja), casa de artesanato, casa de farinha, atividade de contação de histórias com griôs e roteiro cultural.
Onde: Rodovia Rio-Santos, km 589 – (24) 3371-4823 – Paraty.
Localizado na ilha de Marambaia, esse quilombo reúne 258 famílias. As terras onde hoje vivem foram doadas pelo comendador Breves, o maior escravagista brasileiro. Breves utilizava o local como fazenda de “engorda” de escravos. Essa triste realidade hoje atua como fonte de inspiração para os descendentes que mantêm viva a cultura com danças ao som dos tambores e de sua história.
Onde: Ilha de Marambaia.
Saiba mais sobre a Rio-Santos aqui
O Natal é um período mágico, onde o espírito natalino se manifesta em cada gesto…
Para quem busca destinos únicos para celebrar o final de 2024, os Hotéis Vila Rica…
O encontro entre um palhaço e um hipnólogo é retratado no curta-metragem “Ivo & Lino”,…
Desde 2017 acontece o Fórum Nacional de Turismo Religioso. Com a idealização de Sidnésio Moura,…
Combinando paisagens privilegiadas e infraestrutura em desenvolvimento, Balneário Piçarras se transforma na pré-temporada de Verão.…
Pensando em oferecer as melhores experiências aos seus clientes e tornar cada momento único, o…