Em Florianópolis a tradição da renda de bilro é a marca da imigração açoriana no arquipélago.
Falar sobre renda, seja de qual tipo for, é falar de delicadeza e suavidade ao toque. Por muitos séculos a fabricação desse trabalho foi manual e sua origem é controversa. A renda, de tecido fino, forma desenhos com fios variados e, em casos mais raros, com fios de ouro. Sua utilização inicial era a criação de peças caras de vestuário e paramentos. A renda pode ser confeccionada com bilros, agulha, crochê e frivolité.
A renda de bilro foi trazida para Florianópolis com a chegada dos açorianos que já a confeccionavam em sua terra natal. Como o Arquipélago dos Açores foi colonizado por portugueses, estes a introduziram em seus costumes. Essa renda está presente em muitos países europeus. Estima-se que tenha surgido no século XV. A primeira referência é de 1493, em Milão, Itália: “uma faixa trabalhada a ponto de doze bilros para bordar um lençol”, pertencente a um documento de partilha de bens.
Tradição portuguesa
Em Portugal, no século XVI, a renda de bilro já era confeccionada em conventos. Lá eram feitas peças destinadas à ornamentação de igrejas, assim como vestes de eclesiásticos. A cidade litorânea de Peniche foi sede da primeira Escola Industrial D. Maria Pia, fundada em 1887, com o intuito de fortalecer o conhecimento dessa arte.
No Brasil, principalmente nas cidades litorâneas do Nordeste e Sul, a força desse trabalho é tão grande que se tornou um dos elementos folclóricos nacionais. Popularizado e disseminado, a procura de peças diversas em bilro é grande e possui um mercado próprio. Cooperativas de rendeiras exportam seus trabalhos criativos com o toque e as cores da brasilidade que dão novo vigor na tradicional arte da renda.
Essa marca cultural recebeu até um dia em sua homenagem que, em Florianópolis, é 21 de outubro.
O bilro é uma pequena bobina que pode ser feita de madeira ou osso e, tradicionalmente, são confeccionadas pelos maridos das rendeiras.
Onde encontrar
Em Florianópolis você encontrará a renda de bilro praticamente em toda a Ilha, principalmente em Ribeirão da Ilha, Santo Antônio de Lisboa, Lagoa da Conceição e na Fortaleza São José da Ponta Grossa. Mais do que comprar, é muito interessante observar as rendeiras produzindo cada peça. É inacreditável que, daquele emaranhado de fios, pauzinhos de madeira e muitos alfinetes, surjam peças lindas e delicadas.
Para saber mais sobre cultura, meio ambiente e turismo de Florianópolis, clique aqui