Participação de São Paulo no conflito
A Revolução Constitucionalista de 1932 foi um sangrento conflito que durou de 9 de julho a 2 de outubro de 1932. O Brasil, em 1930, ainda vivia a velha política do “Café com Leite” segundo a qual a presidência da República era alternada entre mineiros e paulistas. Washington Luís, paulista, tinha como sucessor outro paulista, Júlio Prestes. O que fez com que Minas Gerais ficasse descontente, pois queria colocar no cargo Antônio Carlos Ribeiro de Andrade. Já no Rio Grande do Sul, o movimento chamado Aliança Liberal (com apoio dos mineiros e do Partido Democrático de São Paulo) queria interromper essa alternância dos dois estados, propondo como candidato Getúlio Dornelles Vargas.
Entre conchavos, corrupção, fraudes e engodos, foi eleito o paulista Júlio Prestes. O assassinato de João Pessoa, vice de Getúlio, foi a gota d’água! A oposição decepcionada e já armada deflagrou a revolução. No dia 3 de outubro de 1930, os insatisfeitos tomam sedes do poder público no Rio Grande Sul, assim como os rebeldes dos estados nordestinos, e se dirigem à capital, Rio de Janeiro. Onde a Marinha foi decisiva no golpe contra Washington Luís, preso no Forte de Copacabana. A cidade de São Paulo passou ilesa pela revolta. E parte da população comemorou quando chegou a notícia da derrubada do Governo Federal. As sedes dos jornais contra a revolução, como A Gazeta e o Correio Paulistano, foram destruídas.
São Paulo, nesse momento, era uma cidade dividida entre prós e contras ao novo governo. Não tardou, Vargas dissolveu o Congresso e os poderes estaduais; nomeou interventores nos estados; perseguiu opositores e imigrantes de todas as nacionalidades; decidiu pela não nomeação de um dos membros do Partido Democrático como interventor. Essas, além de outras ações, desagradaram o povo paulistano.
Primeiro comício
Então, o primeiro comício antigoverno foi realizado na Praça da Sé, em 25 de janeiro de 1932. O Partido Democrático e o Partido Republicano de uniram, formando a Frente Única Paulista para a luta pela reconstitucionalização e pela autonomia de São Paulo. Apesar de tratativas com o Governo Federal, nada conteve a multidão. No dia 23 de maio, revoltosos invadiram uma loja de armas na Rua Líbero Badaró e atiraram contra a sede do Clube 3 de Outubro (tenentes resistentes à revolução). Foram mortos os jovens Euclides Miragaia, Mário Martins, Dráusio Marcondes e Antônio Camargo, considerados os mártires do movimento – MMDC. Junte-se a isto a força da mídia, no caso as rádios Educadora, Paulista e Record, que se uniram à revolução, levando a causa paulista a todos os cantos da cidade.
O QG funcionava na Rua Sergipe, 37, em Higienópolis. Dali, saíram os mandos para obrigar as forças públicas a aderirem à causa. Tudo arquitetado, com a população inteira apoiando o intento. Além das fronteiras do Estado, acreditava-se que Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Mato Grosso formariam aliança com São Paulo. O que não aconteceu. Soldados voluntários paulistas foram para a frente de batalha, munidos de poucas armas e parcos recursos, mesmo com a campanha do ouro. Cidades foram bombardeadas.
Oitenta e quatro dias de lutas enfim culminaram em armistício, mas dois anos mais tarde a nova Constituição seria revogada.
Mausoléu dos Heróis de 32 – Obelisco do Ibirapuera
Em homenagem aos heróis da Revolução Constitucionalista de 1932, com 713 combatentes enterrados, inclusive os jovens Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. É o maior monumento da cidade e foi inaugurado em 1970 com projeto de Galileo Ugo Emendabili. Aberto de terça a domingo das 10h às 16h.
Onde: Avenida Pedro Alvares Cabral, s/n – Ibirapuera.
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