Lisieux é uma pequena cidade, com uma população de 27 mil habitantes, situada no noroeste da França, mais precisamente na Normandia.
A região é conhecida por ter belos castelos, ótimos queijos e a famosa bebida Calvados, muito popular em toda a França. É uma região que tem sido ocupada desde a época dos gauleses e romanos, já tendo passado por incontáveis guerras e invasões. Toda a região foi disputada entre a Inglaterra e França na famosa guerra dos 100 anos. Em tempos mais recentes, durante a Segunda Guerra Mundial, grande parte da cidade foi destruída nos combates entre as tropas aliadas, que desembarcaram nas praias da Normandia no decisivo “Dia D”, e as forças invasores nazistas, que ocupavam toda a França durante a maior parte do conflito.
No entanto, a cidade de Lisieux tem sua fama principal não pelos fatos históricos descritos acima, mas sim, por ter sido o local de residência durante a maior parte da vida de uma santa, muito querida e adorada por fiéis católicos em todo o mundo: Santa Teresinha.
Marie Françoise Thérèse Martin, seu nome de batismo, nasceu na cidade de Alençon em 1873. Porém, aos quatro anos de idade, ela, seu pai e suas irmãs se mudaram para Lisieux, após a morte prematura de sua mãe devido à um câncer de mama. Thérèse viveu em Lisieux até o final de sua curta vida. Atualmente, a cidade e sua habitante mais célebre estão fortemente ligados, pois a grande maioria dos turistas que vão até a localidade o fazem devido à famosa santa que viveu e morreu ali. Atualmente sua vida é celebrada todo dia primeiro de outubro.
Essa matéria foi elaborada para todos aqueles que, como eu, também quiserem conhecer os lugares mais importantes em Lisieux relativos à vida de Santa Teresinha.
Primeiramente, recomendo que o passeio se inicie pela Catedral de Saint Pierre, cuja construção em estilo gótico se iniciou no século XII, e era assiduamente frequentada pela família Martin, da santa e seus familiares. É um local particularmente marcante pois era um local que fazia parte das atividades cotidianas de Thérèse e, desde então, praticamente se manteve intacto, com pouquíssimas alterações. Ao se visitar a catedral, podemos até imaginar a santa ajoelhada rezando, no local onde costumava orar diariamente.
Dentro da catedral, na primeira capela ao lado esquerdo podemos ver o confessionário que era usado pela santa em suas confissões. O grande altar branco, ricamente trabalhado, foi doado pelo pai de Thérèse, Louis Martin, como testemunho de sua fé e gratidão à Deus.
A Capela das Senhoritas é o local onde Thérèse rezava e frequentava a missa semanalmente. Já a capela lateral do lado direito do ambulatório é o local que a família Martin alugava para assistir as missas aos domingos. Em uma das capelas centrais há uma figura do rosto sagrado, o qual a santa ficava longos períodos olhando e rezando.
Em seguida, recomendo que continuem o passeio prosseguindo até a Basílica de Santa Teresinha, que foi construída em homenagem à santa.
Após a canonização de Santa Teresinha em 1925, a cidade de Lisieux se tornou um grande centro de peregrinação de fiéis católicos, vindos à cidade para pedir as bênçãos e proteção de Santa Teresinha, famosa por seus milagres e curas.
Desta forma, o bispo de Lisieux da época, com o apoio do então Papa Pio XI, decidiu construir uma basílica em homenagem à Santa Teresinha, para poder acomodar o número crescente de fiéis e turistas à cidade. A pedra fundamental da basílica foi colocada em 1929. Durante a Segunda Guerra Mundial, cerca de 120 bombas caíram em torno da basílica, ainda em construção. Milagrosamente, nenhuma delas atingiu o local. A cripta da basílica foi usada como abrigo para civis durante toda a guerra.
Durante a retomada da França pelas tropas aliadas, o Major George Warren, comandante das tropas britânicas locais deu ordens expressas a seus comandados para preservarem a basílica, pois ela não abrigava nenhuma tropa alemã, e sim, apenas civis franceses. Desta forma, a ainda incompleta basílica mais uma vez foi poupada da destruição da guerra.
A basílica finalmente foi concluída após o fim da guerra, se tornando imediatamente um dos pontos de maior visitação da cidade. Suas dimensões são imensas, podendo ser vista de longe devido ao seu tamanho e localização privilegiada, no alto de uma elevação em Lisieux. É uma construção imponente, que tenta transmitir aos turistas e aos fiéis a importância da santa para a cidade.
Dentro da basílica, podemos ver inúmeros mosaicos de rara beleza. Muitas estátuas e imagens de anjos, personagens celestiais que eram muito queridos por Santa Teresinha. Há também um altar, no qual está exposto um relicário com um pedaço do osso do braço direito da santa. Nesse local os fiéis acendem muitas velas em agradecimento por graças alcançadas por intermédio da santa.
Há também várias capelas dentro da basílica que foram doadas por países com população expressivamente católica. Entre elas, há uma capela doada pelo Brasil, com um altar em mármore branco, com as seguintes inscrições: Pindorama – Terra de Santa Cruz – Brazil.
Por fim, podemos concluir nosso passeio por Lisieux no local onde Thérèse passou a maior parte de sua vida: o Carmel.
O Carmel é o local onde Santa Teresinha morou desde que se tornou uma irmã da ordem Carmelita. Viveu ali desde os quinze anos até a sua morte prematura devido à tuberculose aos vinte e quatro anos.
No local podemos visitar um grande centro de exposições, com objetos pessoais da vida da santa, além de assistirmos vídeos e lermos painéis que contam toda a trajetória da querida Santa Teresinha. Há muitas fotos dela e de seus familiares, fazendo com que o visitante possa entender toda sua jornada rumo à santidade. Por fim, podemos ver o local que é o mais esperado de toda a visita: a capela com o relicário da santa, onde ela está sepultada dentro de uma urna de mármore com uma linda estátua a representando em seu leito de morte, com o hábito de irmã carmelita, segurando uma rosa de ouro doada pelo papa Pio XII. Em um pequeno oratório acima do relicário está abrigada a estátua da Virgem dos Sorrisos, que teve papel fundamental na recuperação de Thérèse quando ela ficou severamente doente durante a infância. A santa atribuiu à tal estátua sua milagrosa recuperação, a qual ficava fitando em seu leito durante seu período de convalescença e para a qual rezava incessantemente. É sem dúvida alguma um lugar muito emocionante, até mesmo para aqueles que não são fiéis, pois a atmosfera do local é muito intensa, com tantas pessoas do mundo todo rezando ajoelhados em frente às relíquias de Santa Teresinha.
Há um outro local de interesse para os fiéis em Lisieux, que é a residência original da família Martin em Lisieux, chamada “Les Buissonnets”. Infelizmente eu não tive a oportunidade de conhecê-la simplesmente por uma questão de falta de tempo. No entanto, pelo que vi em fotos e li em folhetos, parece ser um local muito interessante, pois nos mostra como era a vida familiar da santa, com seus objetos pessoais e os locais que usava no seu dia a dia para se alimentar, dormir e rezar.
Se você for católico, particularmente devoto de Santa Teresinha, não deixe de fazer esse passeio à Lisieux. Tenho certeza que tal viagem lhe trará muita alegria e paz de espírito ao poder conhecer de perto a história dessa santa que viveu tão pouco tempo mas que, em sua curta vida terrena, foi capaz de espalhar tanta bondade, paz e amor para todos que a conheceram em vida e, após a sua morte, continuam sendo abençoados por seus milagres, especialmente dirigidos aos enfermos.
Com agradecimentos especiais à Otávio Gabriel Briones e Thaís Aveiro.
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Todas as fotos da matéria foram tiradas por Marco André Briones em agosto de 2014.
Bibliografia usada: Lisieux – A Pilgrim’s Companion, por David Baldwin
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