O principal apoio ao desenvolvimento do Brasil Colônia foram os tropeiros.
Essa massa humana, montada no lombo de mulas, percorria o país inteiro trazendo e levando mercadorias. Principalmente depois da descoberta de ouro em Minas Gerais, no século XVII. Eram os tropeiros que abasteciam de suprimentos os locais das minas e tornaram-se o modal mais eficaz, senão único, desse período.
Desbravamento da região
A Região Sul era o polo produtor de muares e muitos estancieiros enriqueceram com o fornecimento desse meio de transporte útil, robusto e o único que conseguia ultrapassar barreiras montanhosas e íngremes em meio às serras Geral, do Mar e da Mantiqueira, além de outros locais cheios de obstáculos, onde cavalos e carroças não conseguiam transitar. Os tropeiros, na realidade, surgiram já no início da civilização humana e, do cruzamento entre burros e éguas, surgiu a mula, mais resistente ainda e suportando até 60 quilos em cada cesto posicionado ao lado de suas ancas. O movimento tropeiro, porém, não se limitava apenas a carregar mantimentos ou minerais. Assim como os bandeirantes, foi responsável pelo reconhecimento e o desbravamento do interior do país.
E foi além, pois gerou toda uma cadeia de profissões em seu entorno, como o arrieiro (condutor do animal); o domador, o montador e o acertador dos animais; o barganhista (comprador e vendedor de muares); o ferreiro; o carpinteiro, que fazia as canastras; o cesteiro; o vendeiro que, ao longo das trilhas, vendia sua produção às tropas; os fiscais de fronteiras e, com eles, todos os envolvidos na burocracia do pagamento de impostos e registros; donos de pousadas; a abertura de muitas rotas e a construção de pontes, com a criação de muitos povoados dedicados ao abastecimento das tropas, como é o caso de Bom Jesus e de Lages. O tamanho das tropas era variado, dependendo das mercadorias carregadas. Participavam homens brancos, índios, mamelucos e negros, cada qual cumprindo funções específicas.
Cultura regional
Mais do que uma cadeia produtiva, o tropeirismo criou uma cultura e essa cultura é amplamente cultivada até os dias de hoje na Região Sul, na gastronomia, na economia, nas artes (principalmente a música e a literatura), no artesanato, no folclore e nas lendas. Os tropeiros foram os grandes propulsores do desenvolvimento nacional até a chegada das ferrovias no final do século XIX.
É fácil entender a importância dos Tropeiros nas Serras Catarinense e Gaúcha quando vemos monumentos erguidos em homenagem a eles. Além disso, a tradição cultural arraigada nos moradores da região, como é o caso do Seminário Nacional e Encontro do Cone Sul sobre Tropeirismo. O evento acontece na cidade de Bom Jesus e seu objetivo principal é dar continuidade à tradição tropeira.
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