Tulum, por Guto Ambar e Suzana Papazian
No sudeste Mexicano, no estado de Quinta Roo, encontramos Tulum, uma das últimas cidades construídas pela civilização Maia, que hoje é um fascinante sítio arqueológico. A região se situa a 100 km de Cancun e a 65 km de Playa del Carmen.
Importante entreposto comercial, a cidade servia às rotas marítimas e terrestres e foi alvo de diversas tentativas de invasão, motivo pelo qual se justificava a existência do muro em seu entorno. Alguns historiadores trabalham com a possibilidade da cidade ter sido chamada de Zamá, “cidade da aurora”, pelo fato marcante do sol nascer no horizonte de seu mar. Tulum significa muralha no idioma Maia.
As doenças provocadas pela chegada dos espanhóis no século XVI são tidas como a principal causa do colapso da civilização e abandono da cidade, que teve seu apogeu entre os séculos XIII e XV.
Suas paisagens deslumbrantes, a riqueza de sua cultura local e a excelente infraestrutura hoteleira fizeram de Tulum um dos destinos mais procurados pelos turistas internacionais. A alta gastronomia e a requintada produção artística local transformam um simples passeio pela rua da praia em uma enriquecedora experiência cultural, repleta de cores e sabores.
A autenticidade do destino está em cada detalhe, no charme e design das lojas, na relação da cidade com o meio ambiente, na vida saudável de seus habitantes e até no seu meio de transporte oficial, a bicicleta.
Assim como a civilização Inca, os Maias também se destacavam por seus conhecimentos em astronomia e arquitetura. Com edificações sofisticadas e suntuosas construíram espaços cerimoniais, templos, túmulos, observatórios e pirâmides, dentre outros.
Em Tulum, como em outros sítios arqueológicos da costa oriental da península de Yucatã, são encontradas algumas características marcantes, tais como o degrau que circunda as edificações por cima da estrutura baixa e a utilização de arcos e abóbodas, valorizadas pelas artes da pintura e escultura.
Templo dos Frescos
Usado como observatório para registro dos movimentos do Sol, esse edifício é um dos mais importantes da cidade e conhecido pelas imponentes pinturas em seu interior.
Templo do Deus Descendente
Com pinturas emblemáticas em seu interior, esse templo foi construído sobre outro antigo espaço religioso e apresenta linhas arquitetônicas no mínimo curiosas.
Castelo
Utilizado como farol para as embarcações que se aproximavam da cidade, essa construção aconteceu em diversas fases e foi erguida sobre uma edificação anterior. Imponente, com mais de 7,4 metros de altura, ostenta esculturas de serpentes no piso superior.
Religiosidade
A partir do conhecimento obtido por meio da observação dos astros e dos fenômenos naturais, os Maias entenderam que os movimentos cíclicos influenciavam suas vidas e, provavelmente, também sua origem na terra.
Politeístas, os Maias tinham em Itzmana, seu principal Deus, considerado o rei dos céus. Ixchel, sua esposa, era a deusa das chuvas. Outros tantos representavam as forças da natureza.
A importância que davam aos ritos religiosos se dava pela crença de que, sem elas, os Deuses desapareceriam. Já os sacrifícios baseados em sangue, de um escravo ou inimigo de guerra, vinham da mística que era necessário alimentá-los.
Já nos rituais funerários era comum as sepulturas serem carregadas com utensílios, alimentos e até escravos para auxiliarem o morto na passagem para a outra vida.
Com a chegada dos espanhóis e a influência da religião católica na região, os rituais foram perdendo força e novas crenças foram sendo assimiladas pelos Astecas e Maias.
Assim, em 1539, milhões de Astecas já haviam entrado em contato, de alguma forma, com a cultura religiosa romana.
Nessa época o índio asteca Juan Diego relatou a famosa aparição de Nossa Senhora de Guadalupe que, ao longo do tempo, se tornou a padroeira do povo católico mexicano.
Em Tulum observamos a devoção a Nossa Senhora de Guadalupe por grande parte dos munícipes, assim como podemos compreender as crenças Maias por meio da história contada através das expressões artísticas, arquitetônicas e folclóricas dos nativos.
Arte e Cultura
A pintura em cerâmica, tradição Maia, pode ser admirada nos diversos ateliers espalhados pela cidade. Assim como as esculturas em terracota na forma de figuras humanas relacionadas aos símbolos religiosos de sua cultura. Os materiais utilizados pelos artistas locais remetem às matérias-primas tradicionais usadas pela civilização: pedra, gesso e madeira.
As apresentações cênicas, incluindo as danças, que eram utilizadas pelos Maias em celebrações religiosas, são apresentadas de forma folclórica aos curiosos turistas.
A criatividade dos Maias também pode ser observada em suas coloridas vestimentas repletas de bordados, plumas e pedras preciosas. Chapéus, lenços, gorros e tiaras também faziam parte dos costumes locais.
Cenotes
Milhares de anos foram necessários para que as águas da chuva que se infiltraram no solo da península de Yucatán por meio de sua formação rochosa criassem rios subterrâneos que
corriam para o mar. As decorrentes cavidades que se formaram no trajeto das águas eram denominadas pelos Maias como “Dzonot” – poços ou buracos, e hoje são conhecidas por Cenotes.
Alguns foram encontrados dentro de grutas e cavernas, outros, em lugares abertos, formando lagos de rara beleza.
Esses espaços abrigavam diversos povoados que se formaram em suas proximidades em função da abundante fonte de água. Por exemplo: Chichén Itzá, Tulum e Cobá.
Muitas lendas alimentam a mística que se formou sobre os Cenotes. A crença dos Maias é a de que estes espaços representavam verdadeiros portais para a vida após a morte e este era um dos motivos que faziam com que os Cenotes fossem locais de cerimônias religiosas. Descobertas arqueológicas como as ocorridas em Chichen Itzá, envolvendo ouro e esqueletos, sugerem que o local era utilizado para rituais envolvendo sacrifícios humanos.
Estima-se que na região da Península existam mais de seis mil Cenotes, muitos em propriedades privadas ou em áreas de difícil acesso. Em determinados Cenotes abertos à visitação é possível realizar mergulhos com snorkel ou cilindro, ou se aventurar na tirolesa ou entre trilhas demarcadas.
Na região de Tulum há vários cenotes, como o Maya Blue, Naharon, Tortuga, Vacaha, Grand Cenote, Abejas, Nohoch Kiin e Carwash.
Para proteger a flora e a fauna da região e desenvolver o turismo sustentável com baixo impacto ao meio ambiente, em 1981 foi criado o Parque Nacional de Tulum, com 664 hectares e que abrange a única área terrestre costeira protegida entre Cancún e Tulum. A biodiversidade envolve áreas de manguezais, praias e cenotes e abriga espécies endêmicas e, em virtude da variedade de tipos de solos, diferentes vegetações.
Culinária
O milho era a base da culinária local e era acompanhado por outros grãos como o feijão, arroz e o trigo, além de diversas raízes, frutas e legumes.
A caça e a pesca complementavam seus hábitos alimentares e, por Tulum ser um entreposto comercial na época, o acesso a diversificadas especiarias realçavam os sabores.
Com o crescimento do turismo e a chegada das grandes redes de hotéis, vieram os grandes chefs de diferentes lugares do planeta. Estes, com seu talento e conhecimento e utilizando os ingredientes locais, as tradições maias e a influência espanhola na região, transformaram a cidade em um destino gastronômico de singular diversidade onde é possível apreciar o melhor das cozinhas asiática, mediterrânea e europeia, todas temperadas com muita história e cultura local.
Beach Clubs
Areia branca, água azul turquesa e um sol que nasce no horizonte, onde sua vista não enxerga mais o mar. Além disso coqueiros e vegetação nativa, aves que colorem o céu em busca de alimento e pescadores artesanais com suas redes e culturas
centenárias.
Com a exceção de alguns pontos de entrada, os acessos para as praias são pelos hotéis, restaurantes e bares, com suas frentes voltadas para a rua e fundos para o mar.
Como se não bastasse estar no paraíso, os beach clubs espalhados pela praia mimam os turistas com confortáveis espreguiçadeiras, serviços de bar e restaurante de excelência
e, em alguns casos, piscinas. Os amantes de música eletrônica ainda podem ouvir as playlists de DJs locais.
A seguir uma galeria com fotos do fotógrafo Guto Ambar